Mídia tenta ditar prazo para TRF julgar processo de Lula

Segundo o desembargador federal Carlos Thompson Flores, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância será "menos polarizado".

Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz - Sylvio Sirangelo/TRF-4

A afirmação do desembargador reforça a denúncia feita pelo ex-presidente Lula e pela sua defesa, de que o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, se comportou como acusado e não como juiz.

“O tribunal vai examinar toda a matéria e toda a prova produzida no primeiro grau, e não realizar uma nova instrução. Como são três julgadores, isso se dilui entre eles. Eu acredito que não haverá essa polarização”, declarou o desembargador.

Assim como no processo julgado por Moro, a grande mídia tenta ditar o andamento do processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora, na segunda instância.

Lula e seus advogados têm denunciando as arbitrariedades da condenação sem provas proferida por Moro classificando como um ato politico que tem como objetivo "fechar a conta do golpe". Favorito nas pesquisas de intenções de voto para presidente, Lula destaca que sua eventual eleição prejudicaria os planos do consórcio golpista.

Como a defesa já informou que vai recorrer ao TRF4 contra a sentença de Moro, que condenou Lula a 9 anos e meio de prisão, a imprensa, por meio de entrevistas, tenta determinar um prazo para que a 8ª Turma do tribunal, responsável pelos processos da Lava Jato, decida sobre a apelação da defesa. A pressão é para que o tribunal julgue antes do prazo estabelecido por lei, que é até o dia 15 de agosto de 2018 — quando termina o prazo para registro de candidaturas.

Questionado, o desembargador Thompson Flores enfatizou que os trabalhos da 8ª Turma devem levar o tempo que for necessário para que todos os pormenores do caso sejam avaliados de forma satisfatória, ou seja, o tribunal não pode se pautar por questões políticas para julgar os casos.

“O tribunal já julgou 701 processos da Operação Lava Jato — entre habeas corpus, exceções de suspeição, mandados de segurança e apelações criminais. E tem feito isso num prazo relativamente exíguo, dentro da responsabilidade que exige o exame de todas as questões. Nas apelações, por exemplo, são vários réus que recorrem com razões de recurso, às vezes, de mais de 300 páginas, o que demanda bastante estudo”, argumentou.

Novamente questionando sobre o prazo, o desembargador disse acreditar que o prazo médio é de até 11 meses.

“A média de tempo de julgamento desses processos no nosso tribunal tem sido de 10 a 11 meses. Com base nessa média, eu acredito que até agosto do ano que vem o processo já estará julgado”.