Programa de demissão volutária é para fechar postos de trabalho

O Bradesco anunciou nesta quinta-feira (13) a abertura de um programa de demissão voluntária para funcionários do banco, sem definir metas para adesão entre os empregados.

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 A instituição financeira também não detalhou os requisitos necessários para aderir ao plano. Segundo o Bradesco, a redução do quadro de funcionários não vai afetar "o elevado padrão de qualidade dos serviços prestados aos seus clientes e usuários, em todas as localidades em que atua".

Até o primeiro trimestre do ano, o Bradesco tinha 106.644 funcionários. A remuneração dos empregados somada a encargos e benefícios totalizou, no período, R$ 4,244 bilhões, segundo o balanço do banco. Seu principal concorrente privado, o Itaú Unibanco, tinha 94.955 funcionários até o fim do mesmo trimestre, sendo 81.219 no Brasil.

Não há detalhes sobre o impacto que o programa poderia ter sobre o número de agências que o banco possui —havia 5.122 no final do primeiro trimestre. Nos três meses encerrados em dezembro, o número era de 5.314.

O enxugamento do quadro de funcionários ocorre em um contexto em que o banco elevou a aposta no ambiente digital e pouco tempo depois da compra do HSBC em junho do ano passado.

Em agosto de 2015, o Bradesco anunciou a compra da operação brasileira do HSBC por R$ 16 bilhões. Em novembro do ano passado, o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que oBradesco poderia fechar agências e transferi-las para postos de atendimento menores, em meio a uma sobreposição de unidades do HSBC.

Em junho deste ano, o Bradesco lançou a plataforma Next, um banco totalmente digital, com serviços de conta-corrente, cartões (crédito e débito) e investimentos voltado ao público jovem.

A plataforma permite criar objetivos financeiros, definir um orçamento mensal e organizar "vaquinhas" para eventos. O processo de abertura de conta é todo digital, sem necessidade de ir a uma agência bancária.

De acordo com a Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb), o setor financeiro vende a ideia de que a digitalização é uma boa coisa. Mas, na verdade, a iniciativa é utilizada pelos bancos com o objetivo único de cortar postos de trabalho e aumentar ainda mais os lucros.

No primeiro trimestre, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander fecharam 855 agências e eliminaram, juntos, 6.666 postos de trabalho. Desde de 2016, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram cortadas mais de 20 mil vagas.

"Enquanto isso, os lucros sobem. De janeiro a março, bateu na casa dos R$ 15,619 bilhões. Com o resultado da Caixa, chega a R$ 17,107 bilhões. É a prova de que a digitalização das unidades só tem beneficiado as empresas, garantindo altas cifras com as reduções nos quadros e a ampliação da cartela de clientes. E os bancários que ficam sofrem com as péssimas condições de trabalho, a sobrecarga de trabalho, o assédio moral para o cumprimento de metas", afirma Emanoel de Souza, presidente da Feeb-Base.