Lu Castro: O sangue também ferve no futebol feminino

"Se tem uma coisa que mulher faz tão bem quanto os homens dentro de campo, é defender as cores do seu clube".

Futebol Feminino - Foto: Leandro Martins/ALLSPORTS

Estou há dois dias olhando para o fundo branco do word e pensando qual tema abordo para o querido Vermelho. Entre tantas bizarrices que coabitam nosso árduo cotidiano como trabalhadores, resolvi abrir o texto com o São Paulo Futebol Clube.

Eis tudo o que eu tenho para falar sobre a diretoria do clube:

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Por “@##%#&&$¨%$!#@$#@)++*&¨¨%¨%%!#@#@#@#!@#!” entendam todo meu vocabulário de estádio.

Agora vamos ao que interessa: Futebol feminino.

No final da tarde de sábado, 09, Corinthians/Audax e Rio Preto se enfrentaram valendo vaga na final do Brasileiro Série A1 de 2017.

Foi tenso, foi pegado, foi até feio. Mas foi de entrega, foi de luta, foi de garra, assim como foi de desespero e destempero. Após o gol corinthiano, que dava naquele momento a classificação para as alvinegras, as jogadoras do Rio Preto cercaram o árbitro Rodrigo Gomes Paes Domingues.

A resenha toda para quem quiser saber, está pela internet com imagens, avaliações, ponderações e discursos com todos os embasamentos possíveis sobre a cusparada que a atacante Darlene do Rio Preto mandou na cara do juizão.

Longe, mas muito longe de fazer qualquer juízo de valor, porque na hora do jogo, amigues, o bicho pega, o sangue ferve e a defesa do escudo chega às raias do absurdo, vale lembrar que o elemento que se sujeita ao papel de árbitro é, sobretudo, mais um dos nossos. Sim! É mais uma pessoa que curte o jogo e quer se envolver tanto quanto a maioria de nós.

Isto posto, lembrei de um episódio, nos idos dos anos 1980, em que uma partida de futebol feminino não exigia policiamento, logo, o juizão estava ali, de peito e cara aberta para todas as intempéries que surgem no jogo das mulheres.

Minha lembrança se refere a um jogo entre o Radar e o Goiás, válido pela final da Taça Brasil de 1983. O árbitro escolhido para apitar foi Jorge Emiliano, o lendário Margarida.

Sem entrar muito no mérito da briga toda, o que se viu foi um quebra pau digno do bom e velho futebol de sul-americanas com sangue nos olhos.

Porque, meus caros, se tem uma coisa que mulher faz tão bem quanto os homens dentro de campo, é defender as cores do seu clube.

É interessante ouvir o argumento da jogadora do Goiás quase ao final do vídeo: “Tem que ser homem pra apitar jogo de futebol feminino”. Certamente essa frase não cabe nos dias de hoje.

Quanto ao caso Darlene, a atleta postou pedido de desculpas pelo episódio do último jogo:

“Peço desculpas aos torcedores, todos que acompanham minha carreira e torcem por mim, ao meu time, aos nossos patrocinadores, a CBF, e, principalmente ao árbitro. Acabei me descontrolando e agi por impulso. Peço desculpas, com toda sinceridade. Tenho muito orgulho em defender o Rio Preto, de fazer parte dessa equipe e de todas as conquistas dos últimos anos. Posso ter exagerado na defesa e na proteção desta equipe que tanto me orgulho. Minha garra e vontade de vencer podem ter sido maiores do que os limites da sensatez e do fairplay. Agradeço a compreensão de todos que me apoiaram neste momento delicado da minha carreira”. (Página oficial do Rio Preto)

Darlene, de minha parte, está mais que perdoada. Te entendo porque também não tenho sangue de barata. Bola pra frente!

Jogo às 16h30 NÃO! Torcida única no futebol feminino NÃO!

Quando eu digo que não será nada saudável se o futebol feminino for equiparado ao masculino, à boca miúda me escracham. Pois bem, eia a última bizarrice!

O jogo de volta das finais do Brasileiro A1, marcado para o dia 19 de julho, acontecerá na Arena Barueri a partir das DEZESSEIS HORAS E TRINTA MINUTOS. O mando é do Corinthians/Audax.
Não bastasse o horário ridículo que impossibilita que muitos torcedores prestigiem o jogo das minas, ainda tem a determinação de torcida única. O site Torcedores.com trouxe detalhes que podem ser conferidos aqui.

Para o próximo texto, acho que consigo transformar o vocabulário de estádio em polidez e falar da gestão Leco, que se aproxima tanto da política entreguista dos golpistas.