Movimentos: Sentença contra Lula consuma golpe contra trabalhadores

Em entrevista ao Portal Vermelho nesta quarta-feira (12), dirigentes de movimentos sociais e sindicais criticaram a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro divulgada nesta quarta. Para eles, é a consumação do golpe parlamentar, midiático e jurídico contra a população e os trabalhadores. Para os entrevistados não é coincidência a condenação acontecer quando Lula aparece em primeiro lugar nas pesquisas para presidente.

Por Railídia Carvalho

Lula com o povo - Reprodução

O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) classificou de “escândalo” a condenação do ex-presidente Lula. “Seja pela ausência de provas, seja pelo circo que Moro armou para descredibilizar a maior liderança política desse país”.

De acordo com o sindicalista, “o golpe do capital contra o trabalho segue seu curso, já que em um dia o Senado rasga a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e no outro vemos o primeiro presidente operário ser condenado. Isso não é por acaso”. Para Adilson, o juiz Moro inaugura precedentes perigosos.

Golpe contra os trabalhadores

“Essa operação de condenação da esquerda brasileira faz parte do processo do golpe e de retirada de direitos da classe trabalhadora. Condenar lula não é condenar a figura do Lula, é condenar um projeto político de direitos da classe trabalhadora”, declarou Alexandre Conceição, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

De acordo com o dirigente do MST, “todos os trabalhadores foram condenados no dia de hoje dia de hoje e por isso a nossa solidariedade ao presidente Lula e ainda hoje (12) vamos fazer reunião e preparar as batalhas”.

Resistência em defesa de Lula

Atos em defesa de Lula foram confirmados nesta quarta em São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, São José do Rio Preto e Maringá. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, convocou os trabalhadores e a população para fortalecer os atos. O dirigente ressaltou que a condenação é “absolutamente sem provas”.

“É uma condenação política por ele ser o mais cotado para ser presidente da república agora ou em 2018. Não podemos concordar com essa arbitrariedade, defender o Lula é defender o Brasil, os trabalhadores, a nossa honra. Vários atos estão sendo chamados para hoje”, enfatizou Vagner.

Violação de garantias individuais

Metalúrgico e presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores (Fitmetal), Marcelino Rocha, associou a condenação de Lula ao golpe que colocou Michel Temer no poder. Para ele, o golpe inaugurou um período de violação aos direitos coletivos e individuais.

“Essas restrições democráticas culminaram com a retirada de direitos coletivos e individuais. A aprovação da reforma trabalhista (nesta terça-feira (11) no Senado) sepulta 100 anos de história de luta do povo trabalhador do brasil. A condenação de Lula é resultado de um processo de violação de direitos individuais”, observou Marcelino.

Ódio de classe

Na opinião da vice-presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Pará (CTB-PA), Lucileide Mafra, o preconceito de classe prevalece na decisão da justiça. Para ela, um operário como Lula chegar a presidência da República incomodou muita gente.

“Antes a gente dizia que a justiça só existia para preto, pobre e prostituta e isso está confirmado porque eles levam em consideração para perseguir e condenar o histórico de vida do Lula, o nordestino, o sindicalista, que eles colocam como bandido”.

Lucileide, que também preside a Federação Amazônica das Trabalhadoras Domésticas, opinou que o governo Lula foi o melhor governo que o Brasil teve. Ela questionou a justiça que busca desacreditar o projeto político inclusivo dos governos de Lula.

“Estamos falando de que justiça? Não existem provas contra Lula como não existiam provas contra Dilma. Michel Temer e Aécio estão cheio de provas contra e não são condenados. Que justiça é essa?".

Estado de exceção

Adilson também fez coro com Lucileide. “Temos que nos perguntar porque malas de dinheiro, ameaça de assassinato e ligações não são provas de crime, mas basta "convicção" para a condenação de alguém”.

Na opinião do presidente da CTB, “O que testemunhamos hoje (12) – retirada de direitos, repressão à sociedade civil e o ataque às liberdades -, é um total Estado de exceção”.

Ele externou a solidariedade da central a Lula e reafirmou a disposição de luta “em defesa da democracia, da soberania e da liberdade”.