Estudantes se mobilizam em São Paulo contra redução do Passe Livre

Mais de 500 mil jovens serão afetados pela mudança

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), cortou 20 horas de uso diário do Passe Livre Estudantil. Agora, os estudantes só poderão fazer quatro embarques gratuitos durante 2 horas, duas vezes ao dia. Antes, era possível oito embarques em 24 horas.

Estudantes durante mobilização pelo Passe Livre na Prefeitura de São Paulo em 2015 - Yuri Salvador/ UNE

Por Verônica Lugarini

A mudança foi publicada no último sábado (8) no Diário Oficial da Cidade e, apesar da gestão Doria ter informado que a alteração entrará em vigor a partir de 1º de agosto, estudantes informaram que, desde segunda-feira (10), a restrição já estava valendo na prática. A justificativa para tal mudança foi de que haveria a necessidade de corte de gastos.

O passe livre foi instituído em 2015, durante a gestão do então prefeito Fernando Haddad, beneficiando na época ao menos 505 mil estudantes, deles cerca de 360 mil pertenciam à rede pública e 145 mil à rede particular de ensino, mas são de baixa renda.

Essa redução do benefício é um reflexo de uma política que não prioriza a educação e exclui os estudantes de atividades culturais externas, do processo de convivência e da formação de estudantes fora do espaço e horário do curso, já que a educação não se restringe à sala de aula, ela está no museu, no teatro e nas atividades extracurriculares.

De acordo com Emerson Santos essa restrição inviabiliza que os estudantes tenham direito pleno ao Passe Livre, soma-se a isso a necessidade de mais tempo que alguns precisam para chegarem aos locais de estudo, pois boa parte deles moram longe.

“A mudança do Passe Livre é uma grande exclusão da juventude da cidade, acessando cada vez menos os espaços públicos”, disse Nayara Souza, presidenta da UEE São Paulo (União Estadual dos Estudantes) em entrevista ao Portal Vermelho.

Mobilizações

Os estudantes realizarão um protesto hoje (12) contra a redução do Passe Livre em frente em Viaduto do Chá – sede da Prefeitura de São Paulo – às 16h. O ato, organizado pela União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) em conjunto com outras entidades estudantis, pretende dar vazão a pauta do Passe Livre e tem como principal objetivo a revogação da medida, informou a presidenta da UEE.

“Precisamos fazer esse enfrentamento porque o que vemos hoje é um retrocesso porque nós lutamos e conquistamos o Passe Livre a partir de uma ocupação em 2014 na frente da Prefeitura [de São Paulo]. Por isso, vamos nos mobilizar e dar início a uma grande jornada de lutas em defesa dos direitos da juventude e principalmente, da educação como um todo porque o Passe Livre representa o acesso à educação em sua plenitude”, concluiu Emerson Santos, presidente da Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas).

Privatização do transporte

Ainda segundo Emerson Santos, essa atitude faz parte de um pacote de privatizações que vem acontecendo desde o início da gestão Doria em São Paulo, como a privatização do Bilhete Único, anunciada em fevereiro deste ano.

"Essa restrição faz parte da grande política privatista do Doria, começando pela limpeza dos grafites, em que passa pela privatização das praças e parques e chega a um direito adquirido, depois de muita luta, como o Passe Livre”, conclui Nayara Souza.