Senadores governistas externam machismo contra senadoras

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou à Agência Senado que as senadoras da oposição, que ocuparam nesta terça-feira (11) a mesa diretora do Senado contra a reforma trabalhista, foram manipuladas pelos senadores da oposição. Cristóvão Buarque (PPS-DF) tratou o episódio com ironia. Para Lúcia Rincón, presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM), as declarações revelam que “o patriarcado está vivo na mente desses senadores”.

Por Railídia Carvalho

Eunício e Cássio

O senador do Distrito Federal afirmou que só havia visto este tipo de protesto em Congressos da União Nacional dos Estudantes (UNE). Para ele, as parlamentares teriam perdido o “sendo do ridículo”, informou a Agência Senado.

Além destas declarações, o senador José Medeiros (PSD-MT) protocolou no Conselho de Ética ação por quebra de decoro contra as senadoras. Ele ainda classificou o ato de “circo”.

Até mesmo o presidente do senado Eunício Oliveira deu sua infeliz contribuição ao clima de deboche dos governistas ao afirmar: "Deixa elas lá comendo marmita".

Evitar o rolo compressor

O protesto das senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Gleisi Hoffman (PT-PR) e Fátima Bezerra (PT-RN) durou cerca de seis horas. Gleisi defendeu a iniciativa: “Os senadores queriam levar a disputa para o braço”, afirmou.

Vanessa afirmou que o protesto objetivava chamar atenção para a necessidade de o Senado promover o debate sobre a proposta de reforma trabalhista. Com o interesse do presidente Michel Temer em aprovar a reforma, todas as emendas foram rejeitadas pelos relatores aliados.

Bibelôs

“Tratar as mulheres como bibelôs é própria de atitudes de conservadores e reacionários como demonstram as declarações dos senadores Cássio e Cristóvão”, completou Lúcia Rincón.
Segundo ela, os parlamentares ligados ao governo de Michel Temer desconhecem o valor e a decisão que as mulheres tem de impedir o retrocesso.

“As senadoras tiveram essa atitude porque são mulheres de garra que tem como perspectiva a transformação social e que buscam melhores condições de vida para o povo”, enfatizou.

De acordo com Lúcia, é preciso apoiar as senadoras que estão defendendo, “com muita ousadia”, direitos conquistados com muita luta. Ela destacou, especialmente, o retrocesso que a reforma representa para as mulheres.

“A mulher é a mais prejudicada porque a proposta desregulamenta diversos direitos da mulher, entre eles o de não trabalhar em locais insalubres. Não vejo outra saída que não seja a de resistir e convocar diretas já”, finalizou Lúcia.