Alckmin diz que "não há razão para PSDB ficar no governo Temer"

Diante da rejeição popular, os tucanos agora não perdem a oportunidade de rifar publicamente de Michel Temer, na tentativa de se descolar do governo. Durante evento neste domingo (9), governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),que antes defendia a permanência no governo, afirmou que não há "nenhuma razão" para que o PSDB permaneça na base do governo após a definição do andamento das reformas trabalhista, previdenciária e política.

Alckmin e Aécio hostilizados - G1

Alckmin defendia a tese de manter Temer no poder para preservar as reformas. Agora, com uma movimentação para afastar Temer e fazer uma eleição indireta com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o tucano passou a rifar Temer. Em entrevista coletiva, Alckmin disse que o partido “deverá encerrar’ o período de permanência na base aliada.

“Hoje, o que nós devemos fazer? Aguardar o término das reformas. Terça-feira agora é a [votação da] reforma trabalhista, ela poderá ser aprovada no Senado. E aí vai à sanção presidencial. Também a reforma previdenciária a gente vai saber em pouco tempo se ela vai prosperar ou não. E a reforma política também tem data. Depois disso, eu vejo que não tem nenhuma razão para PSDB participar do governo”, declarou.

Com a votação da reforma trabalhista no Senado, o tucano tenta reorganizar a base aliada que estava descolando da aprovação da reforma da forma que foi enviada pelo Executivo, sem alterações pelo legislativo. A reforma da Previdência chegou a ser votada em comissão especial, mas travou depois do agravamento da crise política.

Na reunião da executiva nacional do PSDB, em junho último, o governador de São Paulo estava entre aqueles que defendiam a permanência da sigla no governo, mas sem ministérios.

“Eu não mudei a minha posição. Eu entendo que o nosso compromisso não é com governo, muito menos com cargos. Aliás, lá atrás, eu já tinha defendido que nós deveríamos aprovar todas as medidas de interesse do Brasil, as reformas que levem ao aumento do emprego, a retomada do crescimento econômico, sem precisar participar com cargos no governo”, disse.

Outro que mudou o discurso foi o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB). Ele disse que não defende que o partido se mantenha no governo.

Nesta segunda-feira (10), os tucanos voltam a se reunir para debater com lideranças do partido, incluindo governadores, senadores e deputados, sobre o apoio ao governo de Temer, denunciado pelo crime de corrupção passiva.

Desde a delação do empresário Joesley Bastista, a saída dos tucanos do governo Temer era certa, só não se entendiam sobre quando.

Nos bastidores, outros caciques tucanos têm colocado a votação da reforma trabalhista como prazo-limite para o partido definir se permanece ou desembarca do governo.

Na sexta, o senador Cássio Cunha Lima (PB) disse que o PSDB paga um preço "altíssimo" ao manter apoio ao governo "mais impopular da história". Ele também afirma categoricamente que seis dos sete deputados tucanos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vão cotar pela admissibilidade da denúncia contra Temer por corrução passiva.