Afundando na crise, governo comemora até aprovação de requerimento

A situação do governo é tão crítica que Michel Temer comemora até aprovação de requerimento para tentar mostrar força. Temer agradeceu à base governista no Senado pela aprovação do requerimento de urgência para votar a reforma trabalhista.

Plenário do Senado - Agência Senado

Após duas frustradas tentativas de garantir o quórum mínimo no plenário, foi aprovado o requerimento. Foi o que bastou para o governo sair comemorando.

“A expressiva margem manifesta na votação, cerca de 70% dos votos dados, é mais um sinal do comprometimento da base de apoio ao governo com as medidas que estão modernizando o Brasil e nossa economia”, disse o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, em pronunciamento no início da noite de terça-feira (4).

Com a aprovação do requerimento, o projeto entra na pauta de votação da próxima terça-feira (11). Também foi definido o calendário de votações até o recesso parlamentar, que começa no dia 17 de julho.

Além da reforma trabalhista, os senadores devem analisar a convalidação de incentivos fiscais e o cancelamento de precatórios. Todas as matérias tramitam em regime de urgência.

A reforma trabalhista é tratada como prioridade pela base aliada do governo. A oposição pressionou pela retirada do projeto, mas a base do governo aprovou uma agenda que prevê duas sessões de discussão: na quarta-feira (5), das 14 horas às 22 horas; e na quinta-feira (6), das 11 horas às 14 horas.

“Com a aprovação da urgência, falariam apenas cinco senadores a favor e cinco contra. Mas a Mesa fez um acordo de procedimentos com a oposição para garantir democraticamente a participação de todos. Todos os que se inscreverem poderão falar pelo tempo regimental”, disse Eunício.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que o único ponto sobre o qual há uma unanimidade entre os senadores é a necessidade de ajustes no texto da reforma trabalhista. Em vez de promoverem essas mudanças, argumentou, os relatores preferiram esperar que Temer vete partes do texto, o que faz com que o Senado abra mão do seu papel de Casa revisora.

“Não há – eu repito quantas vezes for necessário –, não há uma alma neste Senado Federal, não há um senador que tenha coragem de defender o projeto na íntegra, tal qual aprovado na Câmara dos Deputados. Todos falam em necessidade de mudança”, argumentou a senadora.

O encaminhamento e a votação da matéria estão marcados para a terça-feira da próxima semana (11), às 11 horas. Durante o encaminhamento, só poderão falar os líderes partidários, cada um por cinco minutos. Após a votação do texto principal, o Plenário ainda precisa analisar as emendas individuais e de bancada apresentadas ao projeto.

O líder do PT, senador Lindbergh Farias (RJ), avisou que oposição vai tentar adiar ao máximo a votação do PLC 38/2017.

“A gente não concorda em votar isso em hipótese alguma. A gente vai lutar, vai usar todas as estratégias de obstrução, requerimentos e questões de ordem possíveis. Essa reforma trabalhista para nós é um crime contra os trabalhadores”, disse Lindbergh.