Jornalismo perde Paulo Nogueira, criador do Diário do Centro do Mundo

O jornalismo brasileiro perdeu, na madrugada desta sexta-feira (30), um de seus profissionais mais competentes e respeitados, Paulo Nogueira. Fundador do site de notícias Diário do Centro do Mundo, o DCM, Paulo enfrentava há 10 meses um câncer. "Descansou", afirmou seu irmão Kiko Nogueira, também jornalista do DCM.

Jornalista Paulo Nogueira - DCM

Em um texto no DCM, Kiko Nogueira destaca que o site era seu projeto preferido. "Ele falava do privilégio de poder exercer o ofício depois dos 50. Poderia ter tido uma aposentadoria tranquila, jogando tênis e pôquer às margens do Tâmisa. Preferiu combater o bom combate, com a mesma paixão de sempre. Em 2012, quando começamos, comemorávamos quando conseguíamos alcançar 20 mil visualizações num dia. Ele de Londres, eu de São Paulo. Hoje são 500 mil", enfatizou.

Diversas lideranças políticas e profissionais da mídia manifestaram pesar e destacaram o papel do jornalista na defesa de uma mídia democrática e de uma país soberano.

"A morte de Paulo Nogueira ocorre num momento triste da nossa história. Seu site tem sido uma trincheira de defesa do jornalismo honesto e uma peça importante da resistência democrática", afirmou a presidenta Dilma Rousseff, por meio de nota à imprensa.

Segundo ela, Paulo foi um jornalista de grande força e perseverança. "Um batalhador que acreditou na causa dos justos e na luta por um país menos desigual", acrescentou.

A coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Renata Mieli, destacou a atuação de Paulo nogueira no fortalecimento da mídia independente.

"Em tempos em que o jornalismo está sendo atacado cotidianamente pelos monopólios privados de comunicação, que usam seus veículos para defender seus interesses políticos e comerciais, Paulo Nogueira se levantou para mostrar o quão indispensável é lutar para fazer um jornalismo sério, ético, comprometido com o interesse público", destacou Renata.

Ela lembrou que Paulo deixou as grandes redações para se dedicar à mídia alternativa. Foi repórter e editor na revista Veja, diretor de redação da Exame e diretor editorial na Editora Globo.

"Criou o Diário do Centro do Mundo e se não se deixou abater pelas dificuldades e pelos ataques que os blogueiros enfrentam. Sua morte deixa uma grande lacuna entre os que lutavam em defesa da pluralidade e da diversidade na mídia brasileira. Colocou seu trabalho para dar voz aos setores invisibilizados pelos monopólios privados. Mas deixou para todos nós seus exemplo e inspiração para nos mantermos firmes na luta", salientou.

O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Mídia Barão de Itararé,reforçou que, diante da grave crise política que o país enfrenta, Paulo Nogueira tinha um atuação firme e combativa.

"Triste, muito triste, a notícia do falecimento do Paulo. Nestes tempos sombrios – no país e no jornalismo -, ele fará uma baita falta", acrescentou.

"Esses tempos sombrios parecem misturar num mesmo sofrimento as dores coletivas e individuais. São tsunamis. Paulo foi embora em um desses, sem ter vendido sua alma", afirmou a jornalista Maria Inês Nassif.

Rodrigo Viana disse que Paúlo deixa um exemplo de coragem e compromisso com o jornalismo. "Mas não só isso: a qualidade do texto e a delicadeza com as palavras, num país em que as palavras perdem o sentido – maltratadas que são pelo fascismo juvenil e o bacharelismo senil", frisou.

Os jornalistas Leandro Fortes e Hildegard Angel também manifestaram pesar. Fortes destacou que "Paulo resgatou em muitos de nós, tenho certeza, o amor e o respeito pelo jornalismo". Já Hildegard Angel disse que ele "vai antes da hora, mas cumpriu o seu dever com bravura, e foi lhe dada a hora certa para isso".

O editor do Portal Vermelho, Inácio Carvalho, também enfatizou a importância de Paulo para o jornalismo independente e sua luta em defesa do Brasil.

"A luta democrática e patriótica perde um firme combatente e o Portal Vermelho um parceiro valoroso. Com ele compartilhamos a luta pela consolidação de uma imprensa que contribua para a construção de um novo projeto nacional, bem como na defesa da soberania nacional, da democracia e dos direitos do povo brasileiro. Paulo Nogueira fará muita falta, mas saberemos honrar sua memória", frisou.