Renan: Temer não tem condições de governar e defende eleições diretas

Com a rejeição popular e a deterioração da base aliada, os parlamentares dessa base estão evitando se posicionar publicamente em defesa de Michel Temer. A fragilidade do governo aumentou após a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Renan Calheiros - Agência Senado

Durante a sessão desta terça-feira (27), os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do PMDB e contrário ao projeto, defendeu o adiamento da votação diante das denúncias contra Michel Temer. Na visão de Renan, o PMDB não pode seguir sustentando um governo “que não tem credibilidade nenhuma” e chegou a manifestar apoio à proposta de renúncia de Temer e a antecipação das eleições diretas.

“Temer não tem confiança da sociedade para fazer essa reforma trabalhista na calada da noite. Num momento em que o Ministério Público, certo ou errado, apresenta denúncia, não há como fazer uma reforma que pune a população”, disse.

Na tribuna do plenário, Renan pediu “bom senso” sobre o assunto e disse que o governo não pode obrigar o Senado a votar “da noite para o dia” uma reforma trabalhista que retira direitos do trabalhador, e fez críticas à condução política e econômica de Michel Temer.

“O governo que está aí não tem condições de propor reformas para o país. O erro de Temer foi achar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba”, cutucou Renan, em referência ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

 

“Precisamos de uma reforma trabalhista que atualize a legislação e de uma reforma das aposentadorias que viabilize a Previdência Social para a próxima geração”, disse Renan, que ainda pediu uma reunião de líderes para esta quarta.

Para o senador, o acordo para o calendário de votação não deve ser usado para “revogar direitos do trabalhador”. Ele disse que, se necessário, poderá alterar a composição da CCJ.

Já Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, reagiu ameaçando retirar o colega da liderança da legenda. Renan não deixou por menos, e disse que poderia trocar nomes na bancada na CCJ para barrar a aprovação da reforma. “Se o jogo for esse, vou admitir mudanças na composição da CCJ”, rebateu.

“A posição do senador Renan sobre mudar membros da CCJ me estranha. Fizemos uma reunião de bancada em que, por 17 votos a 5, decidimos pelo apoio às reformas e pela manutenção de Renan na liderança. Se ele mudar membros da CCJ, podemos mudar a liderança do PMDB”, disse Jucá.

E por essas e outras, que Temer corre contra o tempo para tentar assegurar os votos pela aprovação da reforma para dar a impressão de que o governo está forte.

No entanto, ganhando ou perdendo na CCJ, o grau de deterioração do governo é muito avançado. Por mais que consiga aprovar o texto, o enfraquecimento do governo não vai absorver a vitória como uma demonstração de força.