Empresário defende obras financiadas pelo Estado contra a crise

Depois de dizer que a política econômica de Temer é “desastrosa”, o presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch, escreveu mais um artigo, nesta terça (27), no qual critica a aposta no ajuste fiscal. Na Folha de S. Paulo, ele defende que “não há outro caminho para sair da recessão que não passe por obras financiadas e estimuladas pelo setor público”.

Benjamin Steinbruch - AE

Para o empresário, “o discurso da austeridade e das reformas precisa ser abandonado” para dar lugar ao discurso do “crescimento, do investimento, do desenvolvimento”. De acordo com ele, o país está à beira de uma deflação, "doença tão perigosa quanto a inflação".

Ao citar os erros que levaram o país à recessão, o empresário reconhece que as desonerações que tanto beneficiaram empresários – despreocupados em ofertar contrapartidas às benesses – “talvez tenham passado do limite”.

Segundo ele, os erros cometidos no passado foram enfrentados com outros erros em 2015, momento no qual não se fala em outra coisa, que não em ajuste fiscal – algo que findou por aprofundar a recessão.

Para Steinbruch, hoje, apesar da crise política, há espaço para começar a soerguer a economia, desde que haja uma ação ativa do setor público.

“Estradas precisam e podem ser recapeadas; rodovias, asfaltadas; ferrovias, concluídas; obras de saneamento, iniciadas; concessões públicas, continuadas; escolas, construídas; habitações, financiadas”, aponta. Steinbruch ressalta que obras deste tipo podem ter efeito imediato, suprindo carências, gerando emprego, impulsionando o consumo e destravando investimentos.

Na sua avaliação, o caminho que está sendo trilhado pelo atual governo, “apoiado em reformas e austeridade, na esperança de que isso crie um ambiente de confiança, favorável a investimentos, é solução de longo prazo, de quem não se sensibiliza com o flagelo do desemprego”.

O presidente da CSN indica que os recursos para as obras que sugere deveriam vir tanto do setor público quanto do privado. “Não faz sentido, por exemplo, o BNDES estar guardando quase R$ 200 bilhões em caixa enquanto o país derrete na recessão”, critica.

“Assim como não faz sentido, após três anos de afundamento econômico, continuarmos com juros acima de 10% ao ano, essa aberração brasileira que virou chacota internacional, que inibe o crédito, os investimentos e cria custos inacreditáveis para o próprio governo”, encerra.