Maduro pede apoio popular, caso a situação política se agrave

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu neste domingo (26) à população e à Forças Armadas se declararem "em insurreição popular constitucional geral", caso ocorra algum fato que afete sua integridade física, liberdade ou a legalidade do seu governo.

Nicolás Maduro - AFP

"Se algum dia a Venezuela for testemunha de algum feito que afete a minha integridade física, a minha liberdade ou a legitimidade e constitucionalidade do governo bolivariano, povo e Força Armada Nacional Bolivariana, se declarem em insurreição popular constitucional geral, em união cívica militar, e recuperem a Constituição", disse no programa "Domingos com Maduro".

No programa transmitido pelo canal estatal VTV, ele disse também que se algo do tipo ocorrer a paz deve ser recuperada e "a democracia verdadeira" deve prevalecer, como aconteceu nos dias 13 e 14 de abril de 2002, quando o ex-presidente Hugo Chávez foi afastado momentaneamente do poder por causa de um golpe de Estado frustrado.

"Estou antecipando, não estou exagerando. Apenas preparo o nosso povo porque um povo informado e preparado vale por dois, vale por mil", acrescentou.
O governante fez a afirmação após dizer que um fato que pode atingir o governo ou ele pode surgir "produto das conspirações do imperialismo, da direita e dos traidores e traidoras", sem entrar em detalhes.

Durante o programa, Maduro disse que esta semana houve uma "série de eventos" porque "o imperialismo tentou a loucura de gerar uma comoção nacional, internacional e no meio dessa comoção derrubar o governo legítimo e constitucional e impor uma junta de transição" no país.

Segundo o presidente, a ideia consistia em dar "um golpe internacional" a partir da Organização de Estados Americanos (OEA) no país, depois com um "massacre" e "mortes lamentáveis", com um "gotejamento militar" e por último juramentar essa junta de transição, mas disse que tudo isso foi "contido" e "derrotado".

Há quase três meses, a Venezuela é palco de uma série de manifestações contrárias e favoráveis ao governo. Tudo começou quando a oposição denunciou a ruptura da ordem constitucional, após algumas sentenças do Supremo, parcialmente revertidas, nas quais assumiam as competências do Parlamento.

Os protestos aumentaram com a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte (ACN). Alguns protestos terminaram em violência, deixando 75 mortos e mais de 1.000 feridos, de acordo com o Ministério Público.