Sauditas querem tornar Catar um protetorado

A Arábia Saudita e os seus aliados enviaram uma lista de 13 exigências ao Catar para levantar o bloqueio terrestre, aéreo e marítimo ao país, que sãio classificadas como inaceitáveis, irrazoáveis e uma violação à soberania.  

Catar

A lista de exigências, divulgada no sábado passado, inclui o corte de relações com o Irã, o encerramento imediato da base aérea que a Turquia está instalando no país e a saída das tropas turcas, o encerramento da rede de notícia Al Jazeera e de outros meios de comunicação com financiamento público.

A lista, que foi obtida pela Reuters e pela Associated Press junto de um dos países que cortaram relações diplomáticas com o Catar, inclui ainda a exigência de um corte de relações entre as autoridades cataris e «organizações terroristas, sectárias e ideológicas», como a Irmandade Muçulmana, o Daesh, a al-Qaeda, a Frente al-Nusra e o Hezbollah.

É ainda exigido o pagamento de reparações, num valor a determinar entre os estados que impuseram o cerco e o Catar. O prazo para a resposta é de dez dias, que fica sujeito à monitorização mensal do cumprimento das condições durante o primeiro ano, trimestral no segundo e anual nos dez anos seguintes, de acordo com a Al Jazeera.

A emissora catari, que é um dos principais alvos do bloqueio liderado pelos sauditas, divulgou um excerto de um contacto telefónico entre o emir do Catar e o presidente iraniano, Hassan Rouhani. Na conversa, Rouhani afirmou que o «espaço aéreo, terrestro e marítimo» estará aberto ao Catar, como «nação amiga».

O presidente iraniano considerou as exigências «inaceitáveis» e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que são «contrárias ao direito internacional». O próprio secretário de Estado norte-americano disse que as condições serão «muito difíceis de serem concretizadas pelo Catar».

Os EUA ainda não assumiram uma posição pública clara no conflito, já que o presidente Donald Trump saudou a decisão dos sauditas e dos seus aliados, ligando-a à sua recente visita à região, na qual poucos dias depois se acordou um negócio de venda de caças F-15 por 12 mil milhões de dólares. A base de al-Udeid, a Sudoeste da capital, Doha, é a maior base aérea norte-americana no Médio Oriente, onde estão destacados cerca de 11 mil militares norte-americanos, britânicos e dos seus aliados.

No início de Junho, a Arábia Saudita, o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos e o Egito cortaram todas as relações com o Catar, promovendo um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo, acusando o Catar de apoiar grupos terroristas. A decisão surgiu dias depois de terem sido noticiados comentários favoráveis ao Irã pelo emir do Catar, que as autoridades daquele país dizem ter sido plantados após ataques informáticos a meios de comunicação.