Reino Unido: May fecha acordo com partido ultraconservador

 Acordo envolveu o acerto do incremento de 1 bilhão de libras (o equivalente a R$ 4,25 bilhões) ao orçamento da Irlanda do Norte; governo ainda é de minoria, mas DUP votará com conservadores

Thereza May

A premiê britânica Theresa May e a líder do partido Unionista da Irlanda do Norte (DUP), Arlene Foster, fecharam nesta segunda-feira (26/06) um acordo de apoio ao governo da primeira-ministra, o que deve mantê-la no cargo.

O acordo envolveu o acerto do incremento de 1 bilhão de libras (o equivalente a R$ 4,25 bilhões) ao orçamento da Irlanda do Norte. Assim, o DUP passa a apoiar um governo de minoria do Partido Conservador, que perdeu a maioria no Parlamento nas eleições do último dia 8, em um pacto de “confiança e apoio”. Membros do DUP não terão cargos no governo.

“Dou boas-vindas a este acordo, que irá nos permitir trabalhar juntos no interesse de todo o Reino Unido, nos dá a certeza que precisamos ao embarcarmos na nossa saída da União Europeia, e nos ajudar a construir uma sociedade mais forte e justa em casa”, afirmou May, em comunicado.

Os dois partidos negociavam há duas semanas um acordo, obtido após concessões de May, como o orçamento. Somando, os dois partidos chegam a 328 cadeiras no Parlamento, duas a mais do que as 326 que marcam a maioria. 

O que defende o DUP?

O DUP, fundado em 1971 é o maior partido da Irlanda do Norte, nação que faz parte do Reino Unido. Sob a liderança de Foster, a sigla tem posições bastante conservadoras, como a rejeição ao aborto (proibido para as norte-irlandesas) e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, indicaram um negacionista das mudanças climáticas como ministro do Meio Ambiente da Irlanda do Norte.

E é o que havia sobrado para May, já que os Liberais Democratas, que se coligaram com os Conservadores em 2005, na primeira eleição de David Cameron, rejeitaram qualquer tipo de acordo neste ano.

"O que o país precisa, mais do que nunca, é certeza. Tendo assegurado o maior número de votos e de lugares [no parlamento] nas eleições legislativas, é claro que apenas o Partido Conservador e o Partido [Democrático] Unionista têm legitimidade e capacidade para providenciar essa certeza ao controlar uma maioria [absoluta] na Câmara dos Comuns", disse May em discurso à porta da residência oficial, em Downing Street, logo após as eleições.

 

Aposta que deu errado

 

No dia 18 de abril, a primeira-ministra apostou e convocou eleições antecipadas, quando as pesquisas de intenção de voto eram favoráveis ao seu partido e davam uma vantagem de  quase 20% sobre o partido de Jeremy Corbyn.Segundo May, seu objetivo era buscava aumentar a maioria conservadora nos Comuns, com o objetivo de contar com um mandato forte nas negociações com Bruxelas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Em vez disso, o resultado eleitoral deixou um Parlamento fragmentado, jogando as negociações da Brexit em uma grande incerteza – já não sabe se começarão na data prevista, no próximo dia 19.

Com uma mensagem centrada na melhora dos serviços públicos e em combater as desigualdades sociais, Corbyn, na reta final, conseguiu subir nas pesquisas.

May tinha chegado ao poder em julho do ano passado após a renúncia do seu antecessor, o conservador David Cameron, por causa da vitória da Brexit no referendo sobre a permanência ou retirada do Reino Unido da UE.