Moro desqualifica tentativa de delação de Palocci: "Soou como ameaça"

O juiz Sérgio Moro, da 13ª vara Federal de Curitiba, sentenciou o ex-ministro Antonio Palocci a uma pena de 12 anos e dois meses de prisão, nesta segunda-feira (26), por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Antonio Palocci

Além de Palocci, entre os condenados estão cinco executivos da Odebrecht e os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, totalizando 13 réus condenados. Apenas dois foram absolvidos por falta de provas: Branislav Kontic e Rogério Santos de Araújo.

Chama a atenção que na ação em que Palocci foi condenado, somente ele, João Vaccari Neto e Renato Duque, não firmaram acordo de deleção premiada. Foram justamente as delações dos demais que fundamentaram a tese de condenação de Moro contra Palloci e reduzieramn as penas dos réus.

Palocci negou todas as acusações apresentadas pelo Ministério Público Federal. Parta sustentar as acusações, os procuradores lançaram mão de emails e mensagens trocadas entre os executivos que, supostamente comprovariam a conduta delitiva de Palocci.

Outro fato que chamou a atenção na sentença de Moro foi a citação que fez sobre as declarações dadas pelo o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil em audiência em que Palocci diz que poderiam apontar outros fatos esclarecedores sobre as condutas investigadas.

Apesar das delações serem o principal instrumento da própria sentença e a base das investigações da Operação Lava Jato, Moro, o juiz-herói da grande mídia, tentou desqualificar a declarações de Palocci, dizendo que soaram, na ocasião, mais como “ameaça” para que terceiros o auxiliem "indevidamente" para a revogação de sua prisão preventiva, do que propriamente uma colaboração com a Justiça.

“Suas declarações em audiência, de que seria inocente, mas que teria muito a contribuir com a Lava Jato, só não o fazendo no momento pela 'sensibilidade da informação', soaram mais como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera de que pretendia naquele momento colaborar com a Justiça”, escreveu Moro.

Em depoimento no dia dia 20 de abril, Palocci afirmou que se colocava à disposição do magistrado para apresentar "fatos com nomes, endereços e operações realizadas" que poderiam render mais um ano de trabalho. Palocci disse que não apresentaria tudo o que sabia devido a “sensibilidade da informação”.

As especulação é de que a citação de Palocci se referia a fatos ligados aos bancos, o que poderia gerar instabilidade econômica diante de um cenário de crise política profunda.

Na sentença, Moro citou o ex-presidente Lula diversas vezes e afirma que Palocci "é um homem poderoso e com conexões com pessoas igualmente poderosas e pode influir, solto, indevidamente contra o regular termo da ação penal e a sua devida responsabilização".