Diretas Já, projeto nacional e outra República!

"Diante da atual conjuntura a única forma de recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e de devolver a esperança ao nosso povo é a realização de eleições diretas".

Vinícius Puhl*

UNE diretas já - Foto: Carol Burgos

O Governo acabou! Inimigo público por excelência e princípio, o Estado brasileiro cumpriu ao longo do último período o papel de manter o privilégio dos bancos e do dito 'mercado' em detrimento dos interesses nacionais, da soberania e da democracia. As reformas anti-nacionais e antipopulares (Previdência e Trabalhista) em curso, são apenas um exemplo deste papel nefasto. Propostas e conduzidas por agentes de um capitalismo senil, cuja fonte de riquezas é o saque, a fraude e a guerra, a sociedade brasileira percebe, perplexa, que é hora de levantar-se e dizer: basta!

Nossa 'jovem nação' carece de um projeto nacional de desenvolvimento, mas como no pensamento de que 'nada é mais poderoso do que uma idéia cujo tempo chegou…' de Victor Hugo, a hora é essa! O momento é de construirmos um caminho diferente, inovar, realizar algo autêntico e, sob o signo desse novo e desafiante tempo de crise, ganhar a sociedade, mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras para a luta por mudanças.

Nossa primeira Constituição republicana, que nasceu de um império decadente, militarmente anárquico e, sobretudo, embriagada pelo corporativismo, e agredida por federalistas, proprietários de escravos, agiotas e cafetões, que exigiam indenização pela abolição, e pelos republicanos, deve dar lugar a uma nova era democrática no país com a ampliação dos conceitos de cidadania e participação popular, fortalecendo os pactos, sobretudo federativo e constitucional, ou seja, outra república.

As constituições são a base pendular dos nossos sistemas democráticos ao longo da história. O fato determinante deste período de retrocessos é a tentativa de alterações profundas em seu texto, com feridas profundas nas bases da Constituinte Cidadã de 1988 revogando direitos sociais e a manutenção dos arcaicos costumes políticos, a ineficiência do estado e a decadência de seu funcionamento, por exemplo, no campo dos tributos, em que predomina o rigor na arrecadação e o chamado “manicômio tributário”, sob a égide do “Laissez faire, laissez passer, lê monde va de lui même” (Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo), de Vincent de Gournay (1712 – 1759), cujo discípulo foi o famoso Adam Smith, baluarte de uma elite decadente.

Outra república nasce da pátria, do espaço onde todos são iguais em deveres e direitos, da justiça e do equilíbrio. E, a proclamação de outra república só pode ser feita pelo povo brasileiro, com o destino em suas mãos, de forma livre e soberana. Hoje, diante da atual conjuntura 'a única forma de recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e de devolver a esperança ao nosso povo é a realização de eleições diretas'. Uma Frente Ampla, suprapartidária, que congregue todos os que estão comprometidos com a ideia de que é o povo quem deve se pronunciar, é o caminho, cuja estrada se constrói com o trabalho, a consciência e a luta