Petroleiros: FNP apoia a greve geral e as mobilizações em junho

Derrubar Temer, derrotar as reformas e o desmonte da Petrobrás, já. Direção da Federação, reunida nesta segunda (19), reconhece motivos de sobra para aderir à luta

Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP

Greve Geral

Diante da situação em que vive o país, uma nova greve geral pelo Fora Temer, contra as reformas e contra as privatizações é fundamental. Por isso, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e seus sindicatos filiados defendem mobilização para 20 de junho e greve geral no dia 30 do mesmo mês, seguindo indicação das centrais sindicais.

Sindipetro São José dos Campos já está realizando assembleias para deliberar participação na greve. Os demais sindipetros vão reunir-se nos próximos dias, uma vez que reconhecem a importância de fazer um enfrentamento à altura contra a ofensiva da burguesia que quer aprovar de qualquer jeito as reformas e exterminar as empresas estatais do país.

Na Petrobrás, a política de desmonte e venda de ativos planejada e executada por Pedro Parente tem ameaçado a soberania nacional. Neste contexto, os efeitos perversos do desmonte de Temer sobre a Petrobras e a tentativa de impor uma redução drástica no quadro de empregados do setor operacional das refinarias faz parte do pacote de maldade de Temer e Parente para facilitar a venda de ativos e colocar os trabalhadores e a sociedade em risco.

Por isso, agora, se impõe com ainda mais clareza e urgência a necessidade de se organizar nacionalmente a resistência em defesa da empresa, dos empregos e, principalmente, de vida dos trabalhadores.

Para se ter uma ideia da perversidade, desde o início do mês de junho, gestores de diversas refinarias da companhia vêm anunciando uma “reestruturação de efetivo” nas unidades. Segundo Boletim Especial do Litoral Paulista, a medida atinge plantas operacionais estratégicas da empresa, como as refinarias de Cubatão (RPBC/SP), São Francisco do Conde (RLAM/BA), Araucária (REPAR/PR), Paulínia (REPLAN/SP), Duque de Caxias (REDUC/RJ) e Recife (Abreu e Lima/PE).

Portanto, a necessidade dos trabalhadores se unirem é urgente. Isso inclui a participação efetiva dos trabalhadores nas atividades e fóruns do Sindicato, como assembleias, setoriais, congressos, mobilizações, etc. É preciso assumir coletivamente a responsabilidade de defender nossos empregos e a Petrobras.

Independentemente do cargo que ocupa, seja supervisor, seja gerente, seja associado ou não, seja com cargo de confiança ou não, ninguém está imune aos ataques do atual governo aos petroleiros e à Petrobrás. Vamos defender a Petrobras, vamos defender a soberania do país, vamos defender o futuro das próximas gerações, o futuro de nossos filhos e netos!

Redução do efetivo é privatização

O plano de Pedro Parente, homem de confiança do ilegítimo e corrupto Michel Temer, é um retorno aos anos neoliberais da década de 1990, quando primeiro Collor e depois FHC quase destruíram a empresa. Foi a época do congelamento de concursos e do sucateamento das unidades operacionais.

Aliás, é Parente um legítimo representante desses tempos sombrios: em 2001, ministro da Casa Civil de FHC e membro do Conselho de Administração da Petrobrás, se tornou réu em ação popular civil que cobra R$ 5 bilhões dele e outros gestores por conta de um negócio criminoso. Em uma troca de ativos desvalorizados da multinacional Repsol-YPF, na Argentina, por ativos brasileiros valorizados, a negociação gerou em valores corrigidos um prejuízo na casa dos R$ 2,3 bilhões à Petrobrás.

Qualquer semelhança com a venda de ativos conduzida hoje por Parente, recheada de negócios criminosos que mais parecem doação de patrimônios valiosos, não é mera coincidência. A entrega do pré-sal brasileiro e de unidades e subsidiárias lucrativas como NTS, BR Distribuidora evidenciam a intenção de destruir a Petrobrás.

Boa apenas para o mercado internacional, que exige de Temer o sucateamento da Petrobras para ocupar com ainda mais força o lucrativo setor petrolífero, a redução no efetivo das refinarias é uma consequência direta dos recentes PDVs (Programação de Desligamento Voluntário). Ainda em 2014, em seu primeiro PDV, a Petrobrás demitiu mail de 7 mil empregados.

Muito mais agressivo, o PDV de 2016 obteve a inscrição de mais de 11 mil trabalhadores. Isso sem falar na demissão de milhares de petroleiros terceirizados, que foram colocados no olho da rua após a suspensão criminosa de obras praticamente concluídas, como é o caso do Comperj e da Renest.

A nova ofensiva da direção da companhia sobre os trabalhadores aumenta sensivelmente a possibilidade de novos e mais graves acidentes, colocando em risco a segurança das unidades, dos trabalhadores e das comunidades que estão no entorno das instalações operacionais da empresa.

As recentes mortes de três petroleiros terceirizados da sonda NS-32 no Campo de Marlim, na Bacia de Campos, vítimas de uma explosão, não são uma fatalidade; são o resultado trágico de uma política criminosa de redução de custos que considera vidas apenas números.

Para piorar a situação, Parente faz parceria com o grupo petroleiro francês Total, condenada por corrupção, tráfico de influência e de impactos ambientais em vários países, como nos Estados Unidos, Itália e Israel. Parente não é confiável! (Leia matéria sobre o assunto)

Caso Transpetro

Nesse mesmo sentido, na Transpetro inicia-se um forte processo de terceirização de atividade-fim. Em outras palavras, para a direção da Petrobras não basta vender ativos a preço vil, fazer sucateamento e efetivar a privatização. Na realidade, a meta é acabar com a Petrobras como empresa integrada de energia e reduzi-la em apenas uma colcha de retalho, caracterizada pela mão de obra terceirizada.

Saída é greve geral

Conectar essa pauta da categoria com as reivindicações do conjunto dos trabalhadores é tarefa número um do movimento sindical petroleiro. Não há outra saída senão nos colocarmos como vanguarda da construção da greve geral de 30 de junho.

Apesar de importante, a mobilização dos petroleiros através de atrasos e cortes de rendição não será suficiente para barrar tais ataques, que são parte do pacote de maldades de Temer a toda população.

Por isso, se formos capazes de construir uma greve geral ainda mais forte que aquela realizada no dia 28 de abril, abalando Temer e suas reformas, podemos enterrar de vez todos os seus ataques: não só contra a aposentadoria e os direitos trabalhistas de todos os brasileiros, o que não é pouco, mas também os ataques ao petróleo do país, à Petrobras e aos petroleiros.