FHC diz que falta "legitimidade" a Temer e defende antecipar eleições

Uma nota do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgada na manhã desta quinta-feira (15), revela como o PSDB está dividido e desnorteado e também que o atual governo vai perdendo apoio e condições de se manter. No texto, o líder tucano defende agora que um gesto de grandeza do presidente Michel Temer seria pedir antecipação de eleições gerais. Para ele, o peemedebista perdeu a legitimidade para continuar no cargo.

Fernando Henrique Cardoso em palestra. - Foto: Diego Paduan/FolhaPress

FHC disse que sua percepção sobre a situação política do Brasil tem sofrido “abalos fortes”. Segundo ele, falta “legitimidade” a Temer e o país experimenta um tipo de “anomia”. Nesse quadro, o ex-presidente diz ter mudado de opinião sobre a convocação de eleições antes do término do mandato de Temer, em 2018. 

"A ordem vigente é legal e constitucional ( dai o ter mencionado como "golpe" uma antecipação eleitoral), mas não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto", afirmou o ex-presidente.

Logo após a delação dos donos da JBS, que desestabilizou ainda mais a gestão Temer, Fernando Henrique defendeu a renúncia do presidente e a escolha do novo presidente por eleição indireta. A mudança na posição do cacique tucano acontece no momento em que o PSDB escancara uma divisão interna, ao decidir que continuará no governo Temer, apesar de parte de seus líderes defender a saída do governo. 

Fernando Henrique escreveu na nota ainda que os partidos precisam pensar no país e não em interesses partidários, diante da crise. “Ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido”, escreveu.

"A responsabilidade maior é a do Presidente que decidirá se ainda tem forças para resistir e atuar em prol do país. Se tudo continuar como está com a desconstrução continua da autoridade, pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo", completou.

Na nota, ele fez referência novamente à "pinguela", imagem que deu ao governo Temer: "se a pinguela continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular".