Conheça as propostas da Frente Brasil Popular para sair da crise

Desemprego, corrupção, violência, baixo crescimento econômico, corte de verbas da saúde e educação. O Brasil enfrenta uma situação de crise econômica, política e social. Todo mundo sente os efeitos disso, de alguma maneira, na sua vida. Pensando em propostas para sair desse cenário, a Frente Brasil Popular, que reúne movimentos sociais, centrais sindicais, organizações estudantis e partidos políticos elaboraram o Plano Popular de Emergência.

Frente Brasil Popular - PCdoB

“Acabam de derrubar a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Sem que haja qualquer justificativa constitucional para esse impeachment. Mas, golpe não foi cometido apenas contra mim, contra meu partido, isso foi apenas o começo”, discursa a ex-presidenta. Após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, o Brasil nunca mais foi o mesmo. Uma marca profunda se abriu na história do país. Um golpe que não foi apenas contra Dilma, mas um ataque contra os direitos de trabalhadores e a democracia.

“É talvez, a mais grave crise política, social e econômica que o Brasil atravessa desde o processo de redemocratização. Desde a nova Constituição, do ponto de vista econômico, esta é a mais grave crise da história do país. Nunca o Brasil teve três anos seguidos de recessão econômica.”, comenta André Tokarski, mestre em direito político e econômico e Secretário de Juventude e de Movimentos Sociais do PCdoB.

O grito das ruas demonstrou o constrangimento e insatisfação popular diante de um governo golpista ilegítimo assumir a Presidência. No caso, chefiado por Michel Temer, do PMDB. Movimentos populares, centrais sindicais já pediam desde o ano passado, Fora Temer. E denunciaram o período sombrio que o Brasil entraria de ruptura democrática e retrocessos sociais.

São inúmeros os motivos que levam pessoas às ruas pedindo a saída de Temer. Além de não ter sido legitimamente eleito para o cargo de presidente, Temer levou o Brasil para o buraco e aprofundou a crise política e econômica.

Um dos exemplos são as propostas desastrosas de reforma trabalhista e mudanças na aposentadoria postas presidente pelo golpista, Diferente do que ocorreu nos governos Lula e Dilma em que houve um avanço na construção de um estado de bem estar social, ressalta o jornalista Breno Altman, membro da Frente Brasil Popular.

“O golpe de estado desmontou a possibilidade de expandir os gastos públicos em programas sociais e expansão de direitos. Com isso desmonta uma das pernas da Constituição. A outra perna que está sob grave risco é a Previdência social, principal instrumento de distribuição de renda no país, que será desfigurado. Reformas como a trabalhista destroem os direitos estabelecidos na Constituição de 88.”

Mesmo após as denúncias de corrupção envolvendo o presidente golpista Michel Temer, ele insiste que não vai renunciar ao cargo. A população começou a sentir na pele os efeitos do golpe contra a democracia. E tem se preocupado qual será o rumo do país. Como ficam as questões trabalhistas, por exemplo, são algumas das angústias dos brasileiros.

“Minha preocupação é isso não tem jeito se não mandar todo mundo embora lá. Porque a crise tá ai. Todo mundo passando fome e os políticos ai tomando porre sempre. A impunidade, a ilegalidade, corrupção, tá tudo errado. Eles se defendem, é tudo por questão de dinheiro. Teria que ser uma reforma política e eles não querem sair então eles dificultam. Eu queria saber por que trabalhar tanto e só se aposentar depois dos 60 anos. Por que isso? Justo com a classe mais baixa. Gostaria de saber quando vai melhorar o desemprego.”

O que fazer para superar esse cenário crítico, de convulsão social?

Segundo o Plano Popular de Emergência, é preciso trabalhar ações práticas em torno de dez temas principais. Entre eles, democratização do estado, reforma agrária, segurança pública, direitos sociais e trabalhistas, reforma tributária, além de meio ambiente, direitos humanos, emprego e política externa. E, claro, saúde, educação, cultura e moradia.

O cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula, Roberto Amaral, membro da Frente Brasil Popular, fala sobre o objetivo do plano. “Esse programa tem duas finalidades. Uma talvez a principal de servir de instrumento de ligação entre a Frente Brasil Popular, os nossos anseios e da população brasileira. Ele serviria também como instrumento da militância para o trabalho fundamental na luta pela manutenção da democracia brasileira, para o fim dessa ditadura, fim do governo Temer e para diretas já.”

A Frente defende que o primeiro passo é a saída de Temer e a antecipação das eleições presidenciais inclusive para atender os anseios das vozes do povo que ecoa das ruas, como explica Tokarski.

O programa das reformas da Previdência e trabalhista, que retira direitos, é regressivo e concentra renda, seria prontamente rejeitado nas urnas. Por isso que nós acreditamos que o povo brasileiro, que é o verdadeiro titular do exercício da soberania do voto, é o único caminho para se restaurar a democracia no país.

O plano propõe que existem alternativas e que o povo não precisa se conformar com a crise que afeta os interesses sociais, explica João Pedro Stedile, da direção nacional do MST e membro da Frente Brasil Popular.

“As ideias que foram organizadas através do plano são para conscientizar o povo, levar conhecimento pro povo de que é possível mudar para o bem, que a crise não é uma catástrofe, que nós temos que pagar o preço, que é assim mesmo, que eu vou ter que ficar desempregado e calado, eu vou ter que ficar fora da universidade e calado, eu vou ter que ficar sem terra e calado, sem casa e calado, não! Nós queremos dizer pro povo as dificuldades que nós estamos enfrentando agora e o aumento dos problemas em decorrência da crise não são uma determinação histórica."

Greves e manifestações populares pipocaram em todo em todo o país e a agenda de lutas nas ruas continua. Atos pelas “Diretas Já”. O governo golpista neste momento está encurralado pelo povo.

Artistas e intelectuais apoiam movimentos populares por eleições diretas e participam de manifestações em diversos cantos do Brasil, como é caso do ator Wagner Moura. “A nossa crise é uma crise de representação de legitimidade, a gente não pode aturar mais um presidente ilegítimo no país. É fora Temer, é contra as reformas é diretas já.”