De olho em 2018, Alckmin tem encontro com Temer em São Paulo

Para se garantir no poder e evitar a debandada geral da sua base, Michel Temer se agarra na aliança com os que encabeçaram o golpe: os tucanos. Nesta sexta (2), Temer vem a São Paulo para um encontro com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O Palácio do Planalto informa que Temer viaja sem previsão de volta para Brasília.

Temer e Alckmin - Beto Barata/PR

Há apenas uma semana, o governador tucano lançou o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como "grandes nomes" para uma eventual eleição indireta, caso Temer caísse. Agora, mudou a estratégia afirmando acreditar que o peemedebista pode ter condições de ser manter no cargo.

Na verdade, o apoio de Alckmin tem como objetivo garantir as condições para que ele seja a alternativa tucana para as eleições de 2018, sonho antigo do governador. Como Teme está caindo pelas tabelas, a aliança com o tucano une o útil com o agradável.

Segundo fontes do Planalto, Temer foi aconselhado a procurar o governador e também o prefeito João Doria para tentar esvaziar o movimento de debandada do PSDB paulista. Isso porque dirigentes tucanos de São Paulo prometem se reunir na próxima segunda-feira (5) para discutir o rompimento com o governo federal.

A revolta no ninho tucano em São Paulo contra Temer já causa reflexos em Brasília, onde deputados paulistas ameaçam romper com o Planalto. Logo após a divulgação das gravações de Temer com o empresário da JBS, a bancada do PSDB na Câmara anunciou o rompimento com o governo, pedido que os ministros entregassem seus cargos.

O ministro das Cidades, Bruno Araújo (deputado pelo PSDB de Pernambuco, licenciado do mandato), chegou a escrever uma carta de demissão, mas após a pressão da cúpula, voltou atrás. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, nesta sexta (2), ele negou que tenha cogitado deixar, individualmente – sem o aval do PSDB, – o governo, mas admitiu que entregará o cargo se essa for uma decisão coletiva de seu partido.

"Em relação ao que foi anunciado sobre eventual afastamento meu do ministério, eu nunca declarei que estaria saindo, não o faria sem uma conversa com o presidente", disse o ministro. Segundo Araújo, o que ocorreu foi um debate interno seu com a bancada de deputados federais.

Naquele momento, segundo Araújo, discutiu-se a saída de todos os ministros. "Sempre tive uma vida partidária coletiva e não teria uma atitude individualizada, sem desrespeitar o coletivo do partido, e sobretudo a própria relação respeitosa com o presidente", afirmou ele, evidenciando o grau de divergência interna entre os tucanos.

Os encontros de Temer com os tucanos têm sido recorrentes. Na segunda, Temer se encontrou com a cúpula tucana em são Paulo numa reunião que contou com o ex-presidente FHC e Tasso Jereissati, atual presidente da legenda, após o afastamento de Aécio Neves.

A preocupação de Temer é porque a debandada já começou, afetando a contagem dos votos para a aprovação das reformas. Por sua vez, os tucanos estão preocupados com os efeitos da crise política nas eleições de 2018, já que a legenda já sente o desgaste das revelações trazidas pelas delações, que atingiram Aécio, candidato derrotado nas urnas e líder do golpe.

Alckmin já saiu em defesa de Temer pedindo os fim do motim na seção paulista do PSDB. Nesta quinta (1º/6), em jantar realizado com seis dos principais prefeitos tucanos do interior, no Palácio dos Bandeirantes, o tucano pediu que eles usassem sua influência para esvaziar o encontro do Diretório Estadual que busca reunir forças para romper com Temer.

Ainda segundo fontes, Alckmin acredita que há clima em Brasília inclusive para a absolvição do peemedebista no julgamento da chapa no Tribunal Superior Eleitoral. Enquanto isso, a ordem no PSDB é esfriar o debate.