Chacina no Campo: Vigília no Pará responsabiliza governo e judiciário

O ato ocorreu quarta-feira (31) em frente ao Tribunal de Justiça do Pará. Os manifestantes portavam faixas, cartazes, velas e cruzes para lembrar o sétimo dia da chacina de Pau D’arco.

Por Fátima Bezerra

Vigilia contra os assassinatos de dez camponeses no Pará

Dez cruzes e o derramamento simbólico de sangue em frente ao prédio do Tribunal de Justiça do Pará (TJE-PA) foram a forma que militantes de movimentos sociais encontraram para dizer que tanto o Judiciário paraense quanto os governos do PSDB no estado são os grandes responsáveis pelos assassinatos de trabalhadores rurais que lutam por reforma agrária.

A manifestação ocorreu na tarde/noite de quarta-feira (31) durante a “Vigília pela democracia e pelo fim da violência no campo”, organizada para marcar o sétimo dia do massacre de dez agricultores na fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’arco, no sudeste paraense.

Nos pronunciamentos, o Judiciário foi duramente criticado por não dar agilidade aos processos, acobertando latifundiários e fazendeiros mandantes de crimes, torturas e outras formas de violência contra agricultores. Os representantes de movimentos sociais também denunciaram o que chamam de “covardia do governador Simão Jatene (PSDB)”, que tem se mantido calado diante dos acontecimentos. Muitos fizeram questão de ressaltar que foi nas gestões tucanas que a Polícia Militar promoveu dois grandes massacres: Eldorado dos Carajás e Pau D’arco.

E a violência só aumenta. Segundo um levantamento da Comissão Pastoral da Terra, só nos primeiros cinco meses deste ano já houve 36 assassinatos no campo no Brasil, sendo que 18 ocorreram no Pará. No caso de Pau D’arco, as perícias feitas no local e os depoimentos dos sobreviventes desmontam a versão oficial de que houve confronto. Inclusive, alguns dos tiros foram dados a queima-roupa.

“Estamos realizando essa vigília para poder dizer para a população do Pará que nós vamos continuar vigilantes. Cada trabalhador que tomba, cada direito retirado da classe trabalhadora, nós vamos reagir”, observou Euci Ana Gonçalves, presidenta da CUT Pará. “Nós estamos juntos com outras entidades, fazendo articulação política e ajudando a elucidar esse caso de Pau D’arco, que foi trágico e mostrou o envolvimento do governo do Pará na violência contra os trabalhadores no campo.”

Também presente ao ato, a vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, considera fundamental resistir para mostrar que existem pessoas que não se calarão frente a chacina. “Foram dez trabalhadores rurais que há uma semana perderam suas vidas pela mão do Estado. Foi a polícia civil e a polícia militar que assassinaram os trabalhadores rurais. Basta! Basta de violência! Nós queremos justiça.”

Carmem Foro informou que a CUT vai denunciar os últimos assassinatos em todos os espaços internacionais possíveis. Disse que ainda este mês a central fará uma denúncia pública do governo brasileiro junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT).