Enfraquecido e isolado, Temer revoga decreto

Isolado e enfraquecido após a avalanche de críticas de aliados da sua base, governadores e juristas, Michel Temer revogou nesta quarta-feira (24) o decreto presidencial que convocava as Forças Armadas para atuar nas ruas do Distrito Federal por uma semana a fim de conter as manifestações contra as reformas e os protestos pela renúncia. A revogação foi anunciada menos de 12 horas depois de o decreto da “garantia da lei e da ordem” ter sido instituído.

Por Dayane Santos

Temer renúncia

Ao que tudo indica, Temer tentou com o decreto dar uma última cartada, já que recebeu o aviso prévio de seus aliados – principalmente o PSDB – que dizem que só falta escolher o substituto. Mesmo correndo o risco de aumentar sua rejeição, o usurpador tentou garantir uma sobrevida ao seu governo, buscando demonstrar que tem apoio dos aliados e das Forças Armadas.

O tiro saiu pela culatra. O Exército avaliou que a polícia de Brasília tinha capacidade de garantir a ordem. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou que Temer agiu fora da lei e ainda revelou que não foi sequer avisado, muito menos consultado, como determina a Lei Complementar nº 97, que Temer utilizou para fundamentar o decreto.

Nem mesmo Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e um dos principais aliados de Temer, saiu em defesa do decreto. Pelo contrário, Maia fez questão de dizer durante sessão no plenário da Cãmara que tal medida foi uma decisão única e exclusiva de Temer, e ainda criticou o longo prazo estabelecido pelo decreto, que ia de 24 a 31 de maio.

Para piorar, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse durante pronunciamento sobre o decreto que Temer atendeu a um pedido de Maia, o que causou constrangimento e levou o presidente da Câmara a divulgar o ofício encaminhado a Temer, desmentindo a versão do Planalto. Segundo Maia, o pedido foi de uso das Forças de Segurança Nacional.

Mesmo que não fosse verdade, em nome da aliança com Temer, Maia poderia ter saído em sua defesa e minimizando a questão, o que não aconteceu. Até mesmo entre os peemedebistas, partido de Temer, a medida foi criticada.

A decisão de revogar o decreto foi tomada em reunião entre Temer e Jungmann e os ministros Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) nesta manhã no Palácio do Planalto.