Opinião – Unir o Brasil com eleições Diretas já!

 Por Lucas Ribeiro*

A invasão do Palácio do Planalto promovida há um ano por Temer e sua bem vestida camarilha perdeu o fôlego, falta o povo brasileiro assinar e entregar a ordem de despejo. E a data já está marcada. Dia 24 de maio, quarta-feira, o Brasil todo irá rumo à Brasília em grande manifestação contra Temer, exigindo eleições Diretas Já!

A reintegração de posse só estará completa se vier do poder mais legítimo de que dispomos: o poder popular. Os brasileiros e brasileiras devem escolher o futuro da nação e colocar o Brasil de volta nos trilhos da democracia através de eleição diretas.

Em artigo no Diário da Manhã do dia 28 de abril passado escrevi que o Governo Temer estava com os dias contados. Com realização de eleições em 2018, Temer não aguentaria até o final do ano e os atores da velha política que o sustentam iriam se afastar um a um para não ter a imagem vinculada ao presidente pior avaliado da história da República. Era impossível prever, no entanto, a bomba que cairia em Brasília no dia 17 de maio de 2017. A gravação com diálogo nada republicano com o todo poderoso Joesley Batista deixou o rei nu, e acabou por antecipar o final de um governo que já tinha os dias contados.

Acabaram-se todas as dúvidas de quem ainda não estava convencido da narrativa repetida exaustivamente por setores mais avançados da sociedade: o Brasil foi vítima de um golpe de Estado – que se iniciou logo após o resultado das eleições de 2014, quando o narco-senador mineiro Aécio Neves, derrotado nas eleições, não legitimou o processo eleitoral e tratou a democracia brasileira com a mesma seriedade que estava acostumado a dar às noitadas cariocas. A eleição de Eduardo Cunha esvaziou o debate político, reduziu a câmara dos deputados a mero partido de oposição raivosa ao Brasil. No campo do judiciário, a operação lava-jato ajudou a criar o clima de combate à corrupção generalizada enquanto blindava setores da direita e o PSDB (não vamos esquecer que esse escândalo que expõe Temer e Aécio aconteceram apesar da operação lava-jato, não graças a ela). Somado a isso temos os interesses externos e a ofensiva norte americana aos governos populares na América Latina, que exigiram uma guinada neoliberal da economia brasileira, o afastamento dos BRICs e o realinhamento imediato com Washington. Tudo isso propagandeado pelos monopólios nacionais de comunicação que tremem de medo diante da popularização da internet e do avanço e valorização das mídias alternativas contra-hegemônicas. Estava dado o Golpe que ainda nos faz sangrar.

É preciso virar a página e construir um novo capítulo da história brasileira. Os eleitores do então bom moço Aécio Neves se mostram arrependidos, estão escondidos e envergonhados numa timidez compreensível. A situação também fica escancarada para os brasileiros que foram às ruas de verde e amarelo, que se sentem enganados. Para quem sempre esteve do lado da defesa de democracia, não é esse o momento de contra-ataque ou de revanchismo. É hora de pensar com grandeza e reconduzir o país à sua missão de promover justiça, desenvolvimento e igualdade. Só há uma saída para a crise: um projeto de governo eleito nas urnas que dialogue com franqueza com os brasileiros e brasileiras. Defender eleições diretas para Presidente da República hoje é o caminho da normalização democrática. Ou alguém acredita que o parlamento mais corrupto e conservador da história, o mesmo congresso que elegeu Eduardo Cunha e aprovou a PEC do teto de gastos, tem algum resquício de legitimidade e moral pra eleger o próximo Presidente via eleições indiretas?

A elite nacional sempre terá seu plano para o Brasil, já cogita Henrique Meireles, que se sente intocado como um rei, para manter a agenda regressiva sob qualquer circunstância. Ou construimos uma saída popular aprovando a PEC das diretas ou os mesmos setores que se beneficiam com golpe vão impor um presidente distante da sociedade, comprometido apenas em levar adiante as reformas trabalhistas e previdenciárias, conduzindo o Brasil de volta ao século XIX.

*Lucas Ribeiro é Secretário de Juventude do PCdoB-GO