Temer cancela reunião com militares em que iria explicar gravação

Apesar de tentar manter uma aparente normalidade, as revelações trazidas pela delação do empresário da JBS abalaram a frágil estrutura do governo de Michel Temer. Pelo segundo dia consecutivo, o Planalto decidiu cancelar a agenda de compromissos, entre os quais a reunião com os comandantes militares e o ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Michel Temer - Alan Santos/PR

O encontro seria para Temer dar explicações sobre a crise aos militares, com a expectativa de receber a solidariedade dos comandantes, mas foi remarcado para o fim da tarde, às 17 horas, no Palácio do Planalto.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Temer está estudando fazer um novo pronunciamento. Para isso, sua equipe está analisando o conteúdo das gravações, divulgadas nesta quinta-feira (18), de sua conversa com empresário da JBS Joesley Batista, na qual endossa a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso.

Para desespero de Temer e seu governo, são aguardadas nesta sexta novas divulgações de áudios e documentos e não se sabe exatamente o que consta deles. Por isso, prosseguem análises jurídicas de todas as questões.

Temer acha que precisa falar de novo para tentar convencer de que o diálogo com Joesley não configura crime, apesar do empresário dizer que estava corrompendo um juiz e um procurador para obter vantagens indevidas em processos contra a JBS. Temer não contesta, pelo contrário, disse: “Ótimo, ótimo”.

Dentre as estratégias jurídicas para desqualificar a prova, o Palácio enviou para peritos o áudio gravado, acusando que foi feita uma edição e, caso consiga confirmar isso, usará o argumento de que Temer foi vítima de “conspiração”.

“Tem que manter isso, viu?”, respondeu Temer no momento que Joesley disse que estava pagando pelo silêncio de Cunha.