Cardozo aponta contradições de marqueteiros e Santana fica nervoso

 O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu as acusações feitas pelos marqueteiros João Santana e Mônica Moura de que teria repassado informações sobre a Lava Jato à Dilma. Ele ainda apontou que o próprio depoimento de Santana desmente o da sua mulher, Mônica.

Cardozo AGU

Para o ex-ministro, a versão de Mônica Moura de que Dilma a teria alertado sobre a prisão porque Cardozo viu um mandado de prisão em cima da mesa é "grotesca" e "ridícula".

"Ela (Mônica) diz que recebeu uma mensagem, que essa mensagem não estava clara se era sobre a prisão, e que depois Dilma pede um telefone seguro, liga para o João Santana e diz que ele ia ser preso, porque o José Eduardo Cardozo viu o papel (mandado de prisão) rolando pelas mesas. O ministro da Justiça vai ficar andando pelas mesas da Polícia Federal procurando mandado? Segundo: mandado de operação sigilosa largado em cima da mesa? É uma versão grotesca. Que coisa ridícula. Terceiro: o João Santana desmente ela (Mônica) e diz que ninguém no governo o avisou. O PT sempre reclamou do excessivo poder do João Santana no governo", afirmou Cardozo.

Em nota, João Santana diz que Cardoso mente de maneira "deslavada" visando preservar a presidenta Dilma, mas não comprovou ou elucidou as contradições de seu depoimento.

"A grotesca e absurda entrevista do advogado José Eduardo Cardozo ao Globo faz-me romper o compromisso, que tinha comigo mesmo, de somente tratar dos termos das colaborações, minha e de Monica, no âmbito da Justiça", disse o marqueteiro.

Santana diz que foram avisados antecipadamente do risco de prisão pelas Polícia Federal, com um informe que "veio no sábado [dias antes da prisão], em e-mail redigido com metáforas, cuja cópia está anexada aos termos da nossa colaboração".

Como indícios, ele relata que chamou o seu "advogado à República Dominicana, onde conduzia uma campanha eleitoral, além de ter cancelado o retorno ao Brasil ", com passagem comprada e com reserva já confirmada. Santa e Monica voltaram ao Brasil no dia seguinte após terem sua prisão preventiva decretada pela Justiça.

Essa conversa de Santana teria algum nexo se ele não estivesse entre os investigados e a imprensa não desse na época como certa a sua prisão. Em novembro de 2015, ou seja, meses antes de sua prisão decretada por Sérgio Moro, o marqueteiro já figurava entre os investigados e foi capa da revista Veja como sendo o próximo alvo da Lava Jato, devido as contas mantidas em paraísos fiscais.

Santana chegou até a divulgar nota sobre o assunto em que afirmava: "É fato notório – e por mim amplamente divulgado – que tenho, há vários anos, quatro empresas de marketing político no exterior… Nenhum recurso é oriundo de trabalhos feitos no Brasil. As campanhas e serviços de marketing que minhas empresas nacionais realizaram no nosso país, seguiram estritamente as normas legais, com recolhimento integral de tributos".

O que Santana disse antes de ser preso e o que diz agora só se diferencia pelo contexto. Suas afirmações tem muitas ilações e poucas provas.