Stédile: Estamos travando em Curitiba uma batalha pela democracia

“Não estamos aqui para acompanhar uma audiência, mas sim para defender a democracia, os direitos do povo trabalhador e o direito do Lula ser candidato a presidente”. Foi assim que João Pedro Stédile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), definiu o sentido do acampamento inaugurado nesta terça-feira (9), em Curitiba, na véspera do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira (10).

Stédile - MST

“Estamos travando aqui em Curitiba mais uma batalha pela democracia e pelos direitos do povo trabalhador”, enfatizou Stédile, anunciando logo em seguida que, por volta das 18h30, uma marcha com tochas e velas sairia do acampamento em direção à catedral de Curitiba, para participar de um ato inter-religioso em defesa da paz, da democracia e dos direitos.

Stédile participou à tarde de um ato político no acampamento instalado entre o estádio do Paraná Futebol Clube e a estação rodoferroviária da capital paranaense, que também contou com a presença do ex-secretário geral do Itamaraty Samuel Pinheiro Guimarães, do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Marcelo Lavenère e da presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais, Beatriz Cerqueira. Além de explicitar o sentido político do acampamento, o ato apresentou alguns dos desafios que estão colocados pela atual conjuntura política, que vão além do depoimento de Lula nesta quarta-feira.

Beatriz Cerqueira foi a mais eloquente a respeito desses desafios. “O momento é de guerra e temos o legítimo direito de reagir ao que estão fazendo. Se não reagirmos agora, eles mudarão toda a Constituição, sem realizar uma Assembleia Constituinte, e teremos outro Estado no Brasil. Neste momento, o Congresso está cercado pela polícia e pelo Exército, enquanto tentam votar a Reforma da Previdência. Nós temos que impedir que esse Estado se instale”, afirmou a dirigente da CUT de Minas Gerais. Na mesma linha, Stédile destacou que faz parte do processo golpista em curso impedir que as forças populares vençam a eleição em 2018 e consolidar, assim, a implantação do projeto neoliberal expresso nas propostas de reformas enviadas ao Congresso. Para ele, só um governo emanado das urnas terá legitimidade para tirar o país da crise em que se encontra.

O grande desafio que essa conjuntura apresenta, especialmente para o movimento sindical, acrescentou Beatriz Cerqueira, é que ela impõe o retorno à luta de classes, deixando em segundo plano as lutas por categoria que marcaram a luta sindical nas últimas décadas. “O momento é de pensarmos da classe para a categoria e não mais da categoria para a classe. Estar em Curitiba hoje é fazer a luta pela democracia. Se não colocarmos a luta contra o golpe no nosso cotidiano, seremos derrotados”, defendeu.