Marianna Dias: O dia que o futebol moderno quase morreu

Era 8 de maio de 2017, na Arena Corinthians em Itaquera. Há 40 anos do fim do jejum Corinthiano a história se repetiu, final do campeonato paulista entre Corinthians e Ponte Preta.

Corinthians Ponte Preta - Humberto Alencar

O Corinthians ganhou o título, mas eu não quero falar do resultado, eu quero falar como estava a arquibancada. Os torcedores estavam eufóricos, o Corinthians Grande voltou, o campeão dos campeões, o coringão altaneiro, o time do povo.

A sensação que tenho que no dia da final vale tudo. O próprio clube preparou a festa, bandeirão cobrindo todo o setor leste, bandeiras distribuídas, fumaça acionadas para receber o Timão – que naquela noite seria o campeão.

Por que o clube pode e os torcedores não?

Com a aprovação do estatuto do torcedor, a festa na arquibancada foi reduzida, com as leis estaduais em São Paulo, a festa na arquibancada agoniza e com a proibição que as Torcidas Organizadas – TO – vivem, a festa foi extinta.

Todas essas medidas são usadas numa tentativa de diminuir a violência, mas questiono: Sem o direito de fazer festa na arquibancada os torcedores farão o que no estádio? Como a diminuição da festa pode resultar em menos violência?

A modernização do futebol tirou a alma da arquibancada, a alegria, o batuque, a bandeira com mastro, a pirotecnia… tirou a festa.

Mas aquela sensação que no dia da final vale de tudo ainda permanece. Nesse dia 8 a polícia não reprimiu o show de pirotecnia do setor norte, o clube estendeu bandeirão, e o Itaquerão ferveu como um caldeirão, borbulhando, vivo, alegre, festivo…

Para que o futebol moderno tenho sido absolutamente deixado de lado naquele dia 8, só faltou as bandeiras de mastros, as camisetas das torcidas e a batucada na arquibancada que dita o ritmo da felicidade.

É possível ter um futebol bonito, com uma arquibancada festiva, e medidas de inteligência para conter a violência. O dia 8 foi uma prova que o verdadeiro futebol é isso: Uma grande festa!