Previdência: Ampla rejeição à reforma faz Temer reforçar comunicação

O governo golpista de Michel sentiu o golpe que recebeu na batalha da comunicação no caso da reforma da Previdência. Temer retomou a ofensiva publicitária e nos meios de comunicação em prol da reforma. Para Marcos Verlaine, jornalista e assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o movimento sindical simplificou para o povo o prejuízo que significa a reforma da Previdência e Temer tenta reverter esse quadro antes da votação no plenário.

Por Railídia Carvalho  

Campanha nacional contra a Reforma da Previdência

O texto-base da reforma de Temer para a Previdência Social foi aprovado na comissão especial no dia 3 de maio e nesta terça-feira foi concluída a votação dos destaques.

A previsão é que o relatório aprovado, de autoria do deputado Arthur Maia (PPS-BA), seja levado a plenário a partir do dia 23 deste mês.

Dirigentes sindicais de todo o país iniciaram nesta segunda-feira (8) visitas a deputados e senadores argumentando pela rejeição da reforma da Previdência e também da reforma trabalhista (aprovada na Câmara), que iniciou tramitação no Senado. No dia 24, as entidades realizam uma marcha em Brasília contra as reformas.
“Até o momento podemos dizer que o movimento sindical e social ganhou a batalha da comunicação porque conseguiu simplificar um tema que é muito complexo. Quando conseguimos comunicar ao povo que a reforma é o fim da aposentadoria colocamos nelas a dúvida – não vou mais me aposentar?”, declarou Verlaine (foto).
Na opinião dele, a estratégia do movimento sindical é correta e o medo dos parlamentares não se elegerem nas eleições de 2018 é o que pode dificultar a aprovação da reforma da Previdência. “Não vai ser por ideologia que os deputados vão votar mas porque têm medo de não se reelegerem. A clivagem do Congresso é muito clara e de direita”, completou.
“É preciso continuar simplificando para o povo de tal modo que as pessoas mais simples entendam que os direitos estão ameaçados. E isso não vai acontecer se se referir apenas à expressão reforma da Previdência mas sim quando diz que a aposentadoria vai acabar se houver reforma”, explicou. “Por outro lado, a direita não está mais conseguindo mobilizar porque tem uma parcela que se sentiu enganada com as reformas.”
Discurso mentiroso
“Temer mente quando diz que as alterações feitas no texto atual da proposta de reforma beneficiam a mulher. Ela continua com o tempo de contribuição igual ao do homem”, denunciou Pascoal Carneiro, secretário de aposentados e previdência social da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
 
Pascoal também rebate o argumento da reforma de Temer que estabelece que após 40 anos de contribuição o trabalhador poderá se aposentar com o valor integral do benefício. “É mentira porque diferente do que acontece hoje, quando o cálculo é feito sobre as 80 maiores contribuições, o cálculo da reforma de Temer considera todas as contribuições. O valor vai ser menor”, alertou Pascoal (foto abaixo).
Ele conclui que a reforma continua com a mesma lógica do início que, na opinião dele, é forçar a ida dos trabalhadores para a previdência privada. “No caso do trabalhador rural também não alterou o fundamental que é a contribuição que o trabalhador terá que fazer quando as regras atuais não prevêem esse tipo de obrigação. Esse trabalhador não vai ter condições de pagar para toda a sua família, portanto, a proposta de reforma continua sendo drástica”, enfatizou.
O texto aprovado mantém a idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres. Ambos terão que trabalhar no mínimo 25 anos para se aposentar proporcionalmente e 40 anos para atingir o benefício integral, o que é contestado por Pascoal. As regras de transição se mantiveram para mulheres a partir de 45 anos e homens a partir dos 50 anos. 
“Um homem de 48 anos está fora das regras de transição. Pelas regras atuais se aposentaria em 5, 6 anos. Com as regras novas vai esperar 16 anos pra se aposentar com a idade mínima e ter acesso ao benefício proporcional”, exemplificou Verlaine.
Segundo ele, se o homem do exemplo perde o emprego a possibilidade de se reposicionar no mercado é mínima. “A proposta é perversa. Tem um mercado de trabalho fechado, não tem contratação. Se o cara perde o emprego está ferrado”, indignou-se o consultor.
Assim como Pascoal, Verlaine afirma que a mentira foi uma estratégia do governo. “O governo mentiu porque não tinha saída, como é que vai dialogar dizendo que vai retirar direitos dos trabalhadores, aposentados, pensionistas, dos mais velhos, dos mais pobres e da população de modo geral e mantém os privilégios dos ricos, herdeiros e do sistema financeiro?”, indagou.