Temer tenta minimizar críticas da CNBB às suas reformas

O presidente Michel Temer tentou minimizar a oposição da igreja à suas propostas impopulares. Segundo ele, apenas “parte da Igreja Católica” faz críticas às reformas trabalhista e previdenciária propostas pela sua gestão. Para Temer, as críticas feitas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não representam a posição da entidade, mas a histórica posição da igreja em “proteger os pobres”, disse. Num ato falho, ele reconheceu assim que as reformas atacam a população mais carente.

Michel Temer - Alan Santos/PR

“Não é bem a Igreja Católica [que faz essa oposição]. Você sabe que é uma parte da Igreja Católica. Melhor me expressando, é talvez uma parte da CNBB e nada mais do que isso”, disse o presidente. “E o que está acontecendo com uma parte da CNBB, não é que eles estejam contra, é que eles fazem uma coisa que a Igreja sempre fez, que é proteger os s pobres”, reconheceu, em entrevista à Rede TV News.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem se posicionado reitreradamente contra as reformas de Temer. No mês passado, a entidade publicou nota em conjunto com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon), contra as mudanças da Previdência.

Na nota, as três entidades disseram que é necessário que a sociedade brasileira esteja atenta às “ameaças de retrocessos”. Em março, após reunião de três dias, os dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já haviam se manifestado em relação ao tema, afirmando que a Proposta de Emenda à Constituição 287/2016 reduz a Previdência a uma questão econômica e “escolhe o caminho da exclusão social”.

Temer disse ter se encontrado com o presidente da CNBB, Dom Sérgio, a quem esclareceu muitos pontos da reforma. “Eu expliquei a verdade sobre a Previdência. Eu já tinha falado com Dom Odilo, com Dom Cláudio Hummes, depois falei com o Dom Damasceno. Combinamos que eu mandaria uma correspondência para os 78 ou 80 bispos que fazem parte de um núcleo principal da CNBB, esclarecendo as questões da Previdência”, disse o presidente.

“Como essas informações não chegaram por completo e não chegaram por inteiro a todos os setores da Igreja Católica, há um ou outro setor que se opõe, até publicamente [às reformas]. Eu acho que, muito brevemente, pelas medidas todas que nós estamos tomando, nós vamos conseguir, revelando a verdade, fazer com que a Igreja também partilhe dessa verdade”, acrescentou.

Nas declarações, o presdiente ignorou, por exemplo, o fato de a CNBB ter ajudado na mobilização para a greve geral do último dia 28, contra as reformas Trabalhista e da Previdência.