PHA em Chapecó: “Vamos voltar à escravidão nas relações de trabalho”

Neste sábado (1º) pela manhã, o jornalista e escritor Paulo Henrique Amorin proferiu uma palestra na cidade de Chapecó, Santa Catarina. Ele falou sobre a atuação da grande mídia do país, tecendo críticas à abordagem dada aos conteúdos, além de fazer um comparativo entre o período do Regime Militar e a atual situação política do Brasil. A palestra foi promovida pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Chapecó e Região – Sitespm-CHR.  

PHA em chapecó - Foto: Mariane Kerbes

Este primeiro de abril marca os 53 anos do Golpe Militar, em 1964. Amorin compara as atuais ações do governo de Michel Temer com aquele período, e conclui que hoje é pior. Os militares não mexeram na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). “Fizeram de tudo, torturaram, privatizaram, mas não mexeram na CLT”, lembra ele.

Para o jornalista, com a aprovação da terceirização, o negociado sobre o legislado, a reforma na Previdência, “nós vamos voltar à escravidão nas relações de trabalho”, analisa. “O trabalhador não tem mais direitos, não tem mais onde reclamar. Nenhum país civilizado do mundo tem um programa de terceirização. A Rússia tinha e aboliu”, expressou

Amorim, destacou também, que o presidente ilegítimo Michel Temer se aposentou com 55 anos e recebe três aposentadorias. Conta que numa entrevista cedida a um colega de profissão, o presidente falou à reportagem que não tinha nem coragem de dizer com que idade havia se aposentado e riu.

Amorim compactua do entendimento de que as reformas e o congelamento dos gastos por 20 anos têm por objetivo retirar dinheiro principalmente dos setores da saúde e da educação para entregar aos bancos – pagamento da dívida pública. “Essa é a trajetória: tomar o dinheiro do povo e dar aos bancos”, resume.

Economia
Amorin entende que o problema atual do Brasil é a receita, a arrecadação. “São 13 milhões de desempregados. Não tem gente trabalhando para pagar impostos. Não tem gente consumindo”, comenta. Lembra da crise de 1929 nos Estados Unidos da América, quando a solução encontrada para salvar o capitalismo norte-americano foi a intervenção estatal na economia, sendo o neoliberalismo atuante no Brasil busca cada vez mais reduzir a intervenção do Estado na economia.

Ele também critica a atuação da imprensa da divulgação das notícias sobre a Lava Jato, envolvimento de empresas, empresários e atuação da Polícia Federal, desde o vazamento das gravações da ex-presidenta Dilma Rousseff até a Operação Carne Fraca. Em vez de se punir os culpados, faz-se um grande alarde que provoca um desmonte na indústria, tecnologia e pesquisa científica nacional, avalia ele.

O jornalista sugeriu ao público presente colocar os meios de comunicação de massa como questão primordial para ser discutida e avaliada, porque a grande mídia tem conduzido a tomada decisões pela forma como apresenta seu noticiário.

Ao final, durante os questionamentos, respondeu a questão “Para onde vamos?” Com uma frase curta e simples: depende de você. Depende de cada um de nós. Ao ser interrogado sobre o que os sindicatos devem fazer para defender os trabalhadores, a resposta também foi direta e curta: vai para a rua.