“Essa reforma bandida é coisa de criminoso”, afirma senador Paulo Paim

Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, na manhã desta sexta-feira (31) o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que a tentativa de fim da aposentadoria do governo Michel Temer é uma “reforma bandida” e que “isso é coisa de criminoso”. Paim participou do evento, promovido pelas centrais sindicais, ao lado de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Roberto Requião (PMDB-PR).

Protestos na assemblia de curitiba contra a reforma da Previdencia

Com as galerias lotadas e referências ao movimento “Todos contra o fim da aposentadoria” a audiência reuniu centenas de pessoas. Paim, que tem percorrido o Brasil participando de eventos como o realizado na Assembleia Legislativa do Paraná, afirmou que os parlamentares não podem trair o povo brasileiro. “Eu tenho convicção que sim (é possível alterar a proposta). O parlamentar não é bobo. Ele sabem que o povo disse não a esta reforma. Ele precisa ter um olho no parlamento e outro na rua. Nós somos empregados do povo. Ele (parlamentar) vai trair o povo que te coloca lá com um belo salário? Mais de R$ 30 mil líquidos?”, questionou.

 
De acordo com Paim, a proposta significa o fim da aposentadoria. “Os dados da previdência mostram o seguinte: o índice de número de meses que tu trabalha, em média, durante 12 meses não chega a 10 ao longo da tua carreira laboral. Então qual o cálculo que é preciso fazer para essa média? Pega tua carteira profissional e some 64.6. Você começou a trabalhar com 16? Vai se aposentar com 80”, alertou o senador. Para ele, é preciso frisar que a idade mínima de 65 anos será para “raras exceções”.
 
A senadora Gleisi Hoffmann destacou que a previdência tem um financiamento solidário ao lado da assistência social e da saúde dentro do orçamento da seguridade social. “Esse foi o propósito da Constituição de 1988. Ela não é sustentada apenas pela contribuição de patrões e empregados, mas também pela contribuição social sobre o lucro líquido e pela contribuição de faturamento das empresas e PIS/PASEP”, assegurou.
 
Nesta conta, o orçamento da seguridade é superavitário ao longo dos últimos anos. A exceção foi 2016 em virtude da crise econômica pela qual o País a travessa, uma vez, que as receitas também despencaram. “O que o governo está computando para dizer que tem déficit, além da desvinculação de recursos orçamentários, é a previdência própria dos servidores públicos. Você não pode colocar nesta conta, afinal, são quase R$ 90 bilhões. Aí é óbvio que você terá resultado negativo. O governo está manipulando números para tentar justificar uma reforma que vai fazer mal às pessoas e ao Brasil”, alertou. No último dia 15 de março a 1ª Vara Federal de Porto Alegre determinou a suspensão de publicidade do Governo Federal que trazia falsas informações sobre a reforma da previdência.
 
Mas qual seria o interesse então por trás da tentativa de colocar fim na aposentadoria? Segundo o senador Roberto Requião (PMDB-PR) o objetivo está dentro do conceito de estado mínimo, entregando um grande volume de recursos financeiros na mão de bancos nacionais e internacionais. “Mas essa proposta já deu com os burros na água. No Congresso Nacional não passa mais. Na bancada do PMDB, que teoricamente seria uma bancada de apoio ao governo, há praticamente uma unanimidade contra a deformação da previdência. O governo vai ter que recuar”, avisou Requião.
 
“Eles querem entregar a previdência brasileira aos bancos nacionais e internacionais. Veja o que aconteceu no Chile, onde o prêmio médio de um aposentado é de R$ 440 e uma grande parte da população não tem mais acesso à previdência”, comparou o senador paranaense. Segundo ele, esta proposta está na contramão de tudo que acontece no mundo. “Estamos em recessão e a hora é de estimular a criação de trabalho. No mundo inteiro as crises foram enfrentadas como grandes investimentos. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, no New Deal, foi redução de carga horária, investimento público e aumento de salário. Estamos na contramão de tudo”, sentenciou.
 
A presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, enfatizou o fato de que há uma grande massa de recursos que deveriam ter sido aplicadas na previdência social, mas não foram por conta da sonegação. “Até janeiro de 2017 são R$ 443 bilhões, ou seja, quase meio trilhão de reais enquanto o suposto déficit é de R$ 165 bilhões. São três vezes o valor alegado de um déficit, que sabemos, não existe”, afirmou.
 
Para Regina, a saída para garantir que o fim da aposentadoria não seja aprovado no Congresso Nacional, é a continuidade da mobilização dos trabalhadores. “Todos os senadores falaram aqui e eu reitero: precisamos dizer que os parlamentares que votarem a forma desta e de outras reformas não voltam em 2018. Vamos continuar nas ruas lutando pela manutenção dos nossos direitos. Seja a aposentadoria ou os direitos trabalhistas”, completou.
 
A audiência pública foi articuladas pelas principais centrais sindicais no Paraná e proposta na Assembleia Legislativa pelos deputados Requião Filho (PMDB) e Tadeu Veneri (PT). Deputados federais, como Aliel Machado (REDE) e representantes de diversas entidades de classe também participaram do evento.