Dilma: "Vamos lutar contra o retrocesso e resistir pela democracia"

A presidenta Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira (30), da conferência "Mulheres e a Democracia", encerrando o mês de atividades das mulheres na Câmara Municipal de Porto Alegre (Rio Grande do Sul).

Por Diógenes Júnior*, especial para o Portal Vermelho

Dilma Rousseff - Diógenes Júnior

Com o auditório lotado, Dilma foi calorosamente recebida e aplaudida diversas vezes durante o seu discurso. Ela reafirmou que o golpe contra o seu mandato tem viés misógino e machista e ainda está em curso. Segundo ela, o objetivo é condenar a população brasileira a perder todos os direitos conquistados em seu governo e também nos governos do presidente Lula.

"É óbvio que eu posso fazer um relato do golpe pela perspectiva de gênero", disse Dilma, afirmando que era frequentemente referida como "dura e insegura", e que se fosse homem seria vista como "firme". "Uma mulher dura no meio de homens meigos", ironizou.

Com o seu mandato usurpado sob a falsa justificativa de crime de responsabilidade, tendo a sua defesa cerceada juridicamente em dois recursos que questionam um a forma e outro o conteúdo do processo de impeachment, que ainda não foram julgados pelo STF, Dilma reafirmou que não desistiu da luta. A presidenta percorre o Brasil e visita outros países dando palestras, conferências e entrevistas, denunciando o golpe perpetrado contra seu governo democraticamente eleito, denunciando que a democracia precisa ser retomada com o máximo de urgência.

Dilma classificou como "crueldade" e "ganância" as medidas dos golpistas que têm avançado sobre os direitos da classe trabalhadora, na maneira pela qual ousaram implementar e aprovar a PEC 55, que congela investimentos públicos por 20 anos. Ela também denunciou o retrocesso da proposta de reforma da Previdência, que, segundo ela, condena o povo brasileiro a trabalhar a vida toda e morrer sem conseguir se aposentar.

Ela reforçou que o momento exige unidade para garantir a defesa da democracia, "porque a única saída para a crise, a única luta possível contra o golpe é através da democracia". A presidenta eleita ressaltou ainda a importância das eleições direitas de 2018, e da defesa do direito do presidente Lula poder disputar as próximas eleições.

"Podemos até perder as eleições em 2018. Perder eleições é da democracia. O que não pode é outro golpe, é impedir que Lula dispute as eleições", disse.

A assessoria da presidenta informou que após cumprir a agenda em Porto Alegre, ela vai embarcar para os EUA, onde realiza uma série de palestras a convite de universidades e organizações preocupadas com a crise institucional no Brasil.

O evento foi realizado por iniciativa da vereadora Sofia Cavedon (PT-RS), procuradora Especial da Mulher na Câmara Municipal de Porto Alegre, e contou com a participação da deputada estadual Manuela D'Ávilla (PCdoB-RS), procuradora Especial da Mulher na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Marcha Mundial das Mulheres – MMM, Liga Brasileira de Lésbicas – LBL, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, Movimento Pequenas Agricultoras – MPA, Sindicato Farmacêuticas, Ilé Mulher, UNEGRO, Associação Promotoras Legais Populares – APLP, Kizomba Lilás, FEGAM, CUT, CTB, Guaiy, União Brasileira de Mulheres – UBM, Coletivo Feminino Plural, Movimentos os Atingidos por Barragens – MAB, Frente Gaúcha Escola Sem Mordaça, SEMAPI e Cladem.