Após três anos, assassino de estudante uruguaia será julgado no Paraná

Martina Piazza Conde tinha 27 anos e todos os sonhos do mundo. Cursava o último semestre de Antropologia na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e participava de uma dezena de atividades culturais e políticas, além disso, atuava de forma ativa na defesa das mulheres e igualdade entre os gêneros. Tinha um sorriso largo, falava alto, gesticulava muito e andava com um passo mansinho, no dia 2 de março de 2014 Martina se calou.

Por Mariana Serafini

Martina - Arquivo pessoal

Poderia ser só mais um domingo de Carnaval, mas foi o último domingo de Martina. Depois de se apresentar com o grupo de Maracatu que integrava, ela foi para um bar onde os estudantes da Unila costumam se reunir e lá conheceu um rapaz, Jeferson Diego Gonçalvez, que não era exatamente um estranho, costumava circular em grupos em comum.

Esta foi a última vez que os amigos a viram. Martina foi assassinada com requintes de crueldade e uma hora e meia depois as câmeras de segurança do prédio registraram a saída de Jeferson completamente sujo de sangue e com um passo apertado.

Após 48 horas do desaparecimento de Martina, que tinha toda sua família no Uruguai e vivia apenas com amigos em Foz do Iguaçu, começou uma campanha que rapidamente ganhou força na cidade. As pessoas buscavam por Martina, que até então, era vista constantemente em todos os lugares porque participava, e muito, da vida cultural iguaçuense.

Ela foi encontrada quatro dias depois de registrado seu desaparecimento no apartamento de uns amigos que na ocasião estavam fora da cidade. O assassino foi preso cerca de dez dias depois e confessou o crime sem explicar a motivação de tamanha brutalidade.

Nesta quinta-feira (30), três anos depois, Jeferson Diego Gonçalves será julgado pelo crime de feminicídio. Os amigos e colegas de Martina exigem “pena máxima” e convocaram uma manifestação em frente do local onde acontecerá o julgamento. Eles convidam toda a cidade a se mobilizar para exigir justiça. “A população não terá acesso ao tribunal de júri, mas podemos expressar a nossa dor, solidariedade e a nossa comoção indo protestar em frente ao Fórum, pela Martina, pelas mulheres e homens que têm suas vidas afetadas a cada vez que uma mulher é violentada e ou assassinada, pelas mulheres da nossa família, por todas nós, e por nenhuma a menos! Nos ajude a condenar veementemente os crimes contra as mulheres! Pena máxima para Jeferson Diego!”, diz a convocatória.

O crime brutal contra Martina é mais um dos tantos feminicídio registrados diariamente no Brasil. Todas merecem justiça.

A ativista Maria da Penha também enviou uma mensagem de solidariedade à família onde pede justiça para Martina e fala sobre a importância da mobilização popular, assista ao vídeo



Serviço

Manifestação durante o julgamento de Jeferson Diego Gonsalves, assassino de Martina Piazza Conde
Local: Avenida Paraná, 1199, Foz do Iguaçu
Dia e hora: 30 de março às 12h15
Mais informações neste link.