PSDB faz malabarismo para acusar Dilma e isentar Temer em ação no TSE

Autor da ação que pede a cassação da chapa que elegeu a presidenta Dilma Rousseff em 2014, o PSDB afirmou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que não viu indícios de irregularidades eleitorais cometidas pelo seu então vice Michel Temer, mas diz que há “comprovação cabal” da participação da ex-presidenta em atos ilícitos na campanha.

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“Ao cabo da instrução destes processos não se constatou em nenhum momento o envolvimento do segundo representado [Temer] em qualquer prática ilícita. Já em relação à primeira representada [Dilma], há comprovação cabal de sua responsabilidade pelos abusos ocorridos”, afirmou o documento do PSDB.

A afirmação foi feita em documento enviado ao tribunal com as alegações finais dos tucanos no processo que investiga supostas irregularidades cometidas pela chapa. No processo, o PSDB foi citado também em supostos pagamentos de caixa 2 e se viu obrigado a pedir que o TSE colocasse uma tarja preta nas citações que envolvem lideranças da cúpula do partido, entre as quais seu presidente e candidato derrotado Aécio Neves (MG).

O PSDB ingressou com ação no TSE logo após as eleições, ainda em 2014, sob o argumento de que a campanha que elegeu Dilma e Temer cometeu abuso de poder político e econômico por ter recebido supostas propinas e se beneficiado com o esquema de corrupção que atuou na Petrobras.

Na época, a legenda pedia que, caso a chapa fosse cassada, o TSE empossasse como presidente e vice os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), candidatos derrotados na eleição presidencial.

Agora, o PSDB, que se aliou a Temer para dar um golpe no mandato de Dilma, isenta Temer de responsabilidade. No entanto, os mesmo delatores que apontaram doações para o PT também fizeram doações para o PMDB e PSDB.

O relator da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, pediu nesta segunda-feira (27) que fosse marcado o julgamento do processo e deu 48 horas para o Ministério Público se manifestar na ação.

Na última sexta (24), a Procuradoria-Geral Eleitoral chegou a enviar um documento à Corte eleitoral no qual informou que estava abrindo mão de se manifestar.