Seminário em Minas marca a comemoração dos 95 anos do PCdoB

 O Partido Comunista do Brasil de Minas Gerais comemorou os 95 anos da sigla, no dia 25 de março, com um seminário em que debateu a estruturação partidária no estado. Outra data comemorativa foi destacada, o centenário da Revolução Russa de 1917.

PCdoB Minas - Iberê Lopes

No evento, lideranças nacionais e da legenda em Minas Gerais destacaram a relevância do partido na defesa da soberania nacional e dos direitos dos trabalhadores. Realizado no auditório do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), o presidente estadual do PCdoB, secretário da Ouvidoria do Governo de Minas, Wadson Ribeiro, resgatou o papel necessário de resistência do partido neste momento de grave ameaça a democracia pela agenda de reformas do governo de Michel Temer.

“Essa história do PCdoB é marcada pela luta do povo brasileiro. Da luta pela sua emancipação e liberdade. Nós não somos um partido de ocasião, nem viemos apenas para disputar eleições. Nós somos um partido da grande causa da população, no enfrentamento das desigualdades e da transformação profunda de um país que é assimétrico há 500 anos”, pontuou Wadson.

Durante exposição em Seminário sobre o Centenário da Revolução Russa e os 95 Anos do PCdoB, o editor-executivo do Portal Grabois e pesquisador da Fundação Maurício Grabois, Osvaldo Bertolino, afirmou que o processo golpista, desencadeado em 2015, contra a esquerda, tem por objetivo “a criminalização da política”.

Buscando a reflexão do pensador russo Dimitrov, feita em 1953, durante o IV Congresso da Internacional Sindical Vermelha, Bertolino afirmou que para a elite a dominação capitalista consiste na submissão da sociedade através do fascismo, como “a última fase do domínio de classe da burguesia”.

Ele acrescentou que há uma valorização proposital da tecnocracia na atualidade, fazendo da política um instrumento dos desmandos do capital. “Enquanto isto nos submetemos ao poder do dinheiro, dos que tem mais”, acentuou Bertolino.

De acordo com a deputada federal Jô Moraes (MG), existe a necessidade de construir uma frente ampla, diante deste cenário político adverso, após um impeachment sem base legal e com esta agenda neoliberal sendo empurrada goela abaixo da população.

“Precismos mostrar para os progressistas desta nação que nós vivemos um golpe, que não passa apenas pela desconstrução da democracia. É a desconstrução de todas as conquistas presentes na Constituinte. Naquele período o povo defendeu um país soberano com economia forte e o enfrentamento de desigualdades. Temos que pressionar o parlamento.”, disse Jô Moraes.

Sobre o protagonismo do PCdoB e suas bandeiras históricas, o secretário nacional de Organização do partido, Ricardo “Alemão” Abreu, salientou que é tempo de mobilizar a militância comunista no enfrentamento das ameaças antidemocráticas, advindas do golpe de 2015, que culminou na derrubada da presidenta Dilma Rousseff.

“Existe um embrião de Estado de Exceção para invalidar a Constituição de 1988. E na questão social vivemos um ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários. Por isto é necessário um partido forte e combativo em todas as frentes.”, finalizou Alemão.

História do Brasil é marcada por atuação comunista

O partido surgiu, em 25 de março de 1922, assumindo os ideais de construção nacional após as proclamações da Independência e da República, lutando contra entraves oligárquicos. Desde então, tem papel importante no desenvolvimento do Brasil. Foi alvo de perseguições e pagou um alto preço, por sua coerência e persistência ideológica, com mortes, prisões, torturas, exílios e longos períodos de clandestinidade, ilegalidade e semilegalidade. Destacou-se no combate à Ditadura Militar.

Com o início do ciclo progressista dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, participou pela primeira vez de um governo da República.

Historicamente, a sigla defende as causas dos trabalhadores no campo e na cidade. Estimula a cultura brasileira por ser fator estratégico no projeto de nação. Entre seus filiados, já estiveram expoentes culturais, como Graciliano Ramos, Jorge Amado, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer e Di Cavalcanti.

De Belo Horizonte, 
Iberê Lopes