Copa dos Refugiados: "Precisamos aproximar os africanos dos latinos"

Buscando promover a inclusão social, a primeira Copa dos Refugiados no Rio Grande do Sul será realizada neste domingo (26) na Arena do Grêmio. O evento integra o calendário da 58ª Semana de Porto Alegre, que comemora os 245 anos da capital gaúcha.

Copa dos Refugiados - Foto: Divulgação

Oito times disputarão as partidas: Haiti de Porto Alegre, Haiti de Lajeado, Senegal, Peru, Angola, Venezuela, Colômbia e Coletivo de Caxias do Sul (que reúne jogadores de diferentes nacionalidades). No total, serão 110 atletas migrantes e refugiados. “Para nós, essa integração com pessoas de origens diferentes e com a própria comunidade é muito importante. Precisamos aproximar os africanos dos latino-americanos”, afirma o técnico do time da Angola, Januário Gonçalves – ou Cota Janu, como é conhecido.

Desde 1995 em Porto Alegre, Janu conta que migrou procurando melhores condições de trabalho. Em 2008, começou a fazer parte da Associação de Angolanos do Rio Grande do Sul e a integrar o time de futebol como jogador. Três anos depois, após uma lesão, se tornou técnico. “Estamos todos ansiosos por essa partida; é um evento que dará visibilidade ao nosso futebol”.

Além dos jogos, ações de inclusão social, digital, cidadã e trabalhista estão previstas. Entidades parceias da organização como a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e a Prefeitura de Porto Alegre deverão estar presentes através de estações de atendimento disponibilizando informações sobre vagas de emprego e, até, dúvidas sobre documentação.

Na ocasião, refugiados e migrantes terão a oportunidade de enviar vídeos para suas famílias através de um canal criado para o evento. Além disso, interessados poderão fazer parte do álbum de figurinhas da Copa, onde será possível compartilhar seus currículos e encontrar oportunidades de emprego. Além disso, serviços complementares gratuitos, como exames básicos de saúde e auxílio jurídico também serão contemplados entre as ações do evento.

Para entrada no evento, será cobrado 1 kg de alimento não perecível – dentro da validade e em embalagem lacrada. Seu destino será para os refugiados mais necessitados: os recém chegados, atendidos pela Paróquia Nossa Sra. da Pompéia, no centro da Capital.

Como surgiu a Copa dos Refugiados?

A ideia do evento nasceu em 2014, em São Paulo, a partir da iniciativa do refugiado congolês Jean Katumba, fundador da ONG África do Coração. Seu objetivo principal é a integração dos migrantes e refugiados à sociedade. Edições anuais eram realizadas em São Paulo, em estádios amadores. Em 2016, Jean buscou apoio na agência gaúcha Ponto Ideias – focada em projetos que integram iniciativas sociais a empresas interessadas nesse tipo de investimento – para expandir a ação.

Segundo um dos sócios da Ponto, Rodrigo Vicêncio, a estratégia para realizar a Copa em Porto Alegre foi “engrandecer a ideia para fazer mais do que só futebol”. Assim, buscaram em entidades privadas o capital necessário para investir em infra-estrutura profissional e trazer outras atividades para o evento.

Segundo Rodrigo, o público esperado é de três mil pessoas. “Se a receptividade for como esperamos, a ideia é que o evento possa ser realizado anualmente”, afirmou o empresário.