A pérfida evolução da outrora Frente al-Nusra

Como os lagartos do vasto deserto sírio, o grupo terrorista Frente al-Nusra se move entre o terror e o assombro e mantém uma pérfida evolução de suas características públicas sem mudar seus objetivos de poder.

Por Pedro García Hernández, na Prensa Latina

Terroristas da al-Nusra no Iraque - Prensa Latina

De Frente para a Libertação da Grande Síria mudou sua denominação para Al-Nusra e, depois da derrota em Alepo, decidiu unificar seis grupos sob sua liderança e constituir uma denominada Junta para a Libertação do Levante.

Nunca foi demonstrado que o grupo fundado no fim de 2012 agiu sob a cobertura da Al-Qaida e em 2015 anunciou que agia de maneira independente, mas sem renunciar os vínculos organizativos jamais demonstrados mas insistentemente superdimensionados pelos meios de comunicação do mundo ocidental.

A confusão é parte da desinformação midiática e beneficia particularmente a pérfida atuação de seus integrantes e de seu principal líder, Mohamed al Golani, supostamente sírio de nascimento e cuja história pessoal é obscura, misteriosa e indefinida, apesar de suas esporádicas aparições públicas em vídeos e redes.

De dispersos grupos no território sírio, a outrora Frente Al-Nusra tem passado a concentrar, sob coerção e insanas pressões, o controle operacional em regiões como Idleb, Hama, Alturas do Golã, Yarmuk, Gutta Oriental e Jobar, estas três últimas na periferia de Damasco.

Pouco a pouco, com tréguas parciais poucas vezes respeitadas, conseguiram deslocar as influências do Estado Islâmico (Daesh, na sigla em árabe), e a quem deixou de enfrentar no terreno de combate, e outras obscuras e indefinidas negociações onde o poder das armas e do financiamento exerceu um papel de primeira ordem o respaldo a partir do exterior.

A este panorama realista e objetivo une-se o fato de que em nenhum momento, e apesar de ser definido pelas Nações Unidas como um grupo terrorista, o governo do presidente Barack Obama os enfrentou de maneira objetiva e real.

As publicações da organização insistem que o confronto não é com o mundo ocidental desenvolvido, diferentemente do Daesh, mas que advogam por "governar a Síria seja de que forma for e sem se importar com os custos".

Mais de 600 atentados contra civis, postos militares, personalidades da cultura e instituições, com um saldo brutal de milhares de vítimas, pretendem justificar as ações do grupo baseadas em uma suposta ideologia respaldada financeiramente pelas monarquias do Golfo, como Arábia Saudita ou Catar.

Os subterfúgios e a perfídia sob o pretexto de bases religiosas, aparentemente menos radicais e extremistas, permitiram-lhes ganhar espaços de poder real e assumir o controle operacional da maior parte das ações terroristas na Síria.

Sua visão radical islâmica não está em comunhão com a ideia de uma Síria pluralista e democrática, mas responde com acréscimos às elaboradas teorias conspirativas dos serviços de inteligência do ocidente e seus aliados regionais para destruir a Síria.