Blogueiro é conduzido coercitivamente à mando de Sérgio Moro

 Hoje (21), pela manhã, a sociedade foi confrontada com mais um dos excessos cometidos pelo juiz Sérgio Moro, à frente da operação "Lava Jato". A vítima foi o blogueiro Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, conduzido coercitivamente à Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro da Lapa, em São Paulo. Além disso, apreenderam o seu telefone celular e o seu notebook, assim como o telefone de sua esposa.

Blogueiro perseguido por Sérgio Moro

 Os policiais federais chegaram no condomínio onde Eduardo Guimarães reside ainda de madrugada. Eles impediram o porteiro interfornar para o apartamento do blogueiro e forçaram a entrada em seu apartamento.

Na saída da PF, no final da manhã, Guimarães informou o teor do depoimento prestado. De acordo com ele, a motivação foi levantar a possível relação pessoal ou profissional que ele teria com uma fonte que o antencipou a condução coercitiva do qual Lula foi vítima em 4 de março de 2016. Numa postagem em seu blog, no dia 26 de fevereiro do mesmo ano, ele informou o que aconteceria dias depois.

O advogado de Eduardo, Fernando Hideo Lacerda, menciona as infrações da Lei cometida pela operação Lava Jato sob ordem do juiz Sérgio Moro. "São duas arbitrariedades bem claras. A primeira é a condução coercitiva sem qualquer intimação prévia. A segunda é a violação do sigilo de fonte, garantido pela Constituição. É uma perseguição política se valendo do processo penal", resumiu.

Pela tarde, numa transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook, o blogueiro voltou a falar sobre o caso. "É importante frisar porque estou sendo vítima de tudo isso. Não tenho qualquer relação com o objeto de investigação da Lava Jato. Fui conduzido coercitivamente de forma ilegal por conta das minhas opiniões e pelas informações que publico em meu blog e nas redes sociais", destacou.

Guimarães foi candidato a vereador pelo PCdoB em 2016, na capital de São Paulo. Obteve 1.304 votos.

Lava Jato: dois pesos, duas medidas com jornalistas

Durante os quase três anos à frente da operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro se utiliza dos vazamentos para a imprensa de informações sigilosas a fim de constranger as pessoas investigadas e mobilizar a opinião pública contra elas. Numa dessas oportunidades, divulgou o áudio de uma conversa da então presidenta Dilma com o ex-presidente Lula no dia 16 de março do ano passado, no qual ambos tratavam da incorporação dele à chefia do ministério da Casa Civil. Em seguida, o Supremo Tribunal Federal (STF) impediu a nomeação.

O tratamento dado a jornalistas que fazem uma abordagem crítica da operação, no entanto, é outro. Além de Eduardo Guimarães, Moro já levou, também de forma coercitiva, o jornalista Breno Altman, editor do site Ópera Mundi, para depor na PF.

Em audiência, por meio de vídeoconferência, como testemunha de defesa de Branislau Kontic, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) questionou diretamente o juiz sobre a ação do qual Eduardo Guimarães foi vítima. A resposta dele foi a de que Guimarães não é jornalista e, por isso, não poderia está divulgando tais informações. O juiz desconhece que no Brasil não é preciso formação específica de nível superior para exercer a profissão em jornalismo.

Mídia Alternativa marca ato política para essa noite

Dada a gravidade do caso, diversos blogueiros, midialivristras e apoiadores da chamada mídia alternativa convocaram em caráter de urgência um ato, marcado para as 19h de hoje, no auditório do Sindicato dos Engenheiros, situado ao lado da Câmara Municipal. A atividade é em solidariedade a Eduardo Guimarães e em defesa da liberdade de expressão no Brasil.