Líderes do continente expressam solidariedade por inundação no Peru

Líderes e organizações da América Latina expressaram seu apoio ao Peru após as inundações causadas pelas chuvas, que afetaram, até o momento, mais de 630 mil pessoas. Segundo o último relatório oficial de danos divulgado neste domingo (19) pelo Coen (Centro de Operações de Emergências Nacional), o número de mortos nas inundações subiu para 75, com 263 feridos e 20 desaparecidos.

Inundações no Peru - Efe

O presidente da Bolívia, Evo Morales, enviou uma carta ao presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski oferecendo ajuda para atender a população afetada pelas fortes chuvas. “O Estado e o povo boliviano expressamos toda nossa solidariedade perante a dor e a perda de vidas humanas provocadas pelos desastres naturais em diferentes regiões da sua pátria”, disse Morales.

Deputados bolivianos do Movimento ao Socialismo estiveram neste sábado (18) trabalhando na coleta de alimentos e remédios para que fossem levados ao Peru.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também manifestou seu apoio ao Peru e ofereceu assistência imediata. “Venezuela oferece às autoridades peruanas, no marco da amizade entre os povos, a solidariedade e cooperação internacional, seu apoio e assistência imediata para aliviar as dificuldades dos cidadãos prejudicados pelas chuvas que assolaram este país irmão”, afirmou em comunicado.

A chilena Michelle Bachelet e o presidente colombiano Juan Manuel Santos também lamentaram os acontecimentos e expressaram solidariedade. “Toda a solidariedade do Chile com Peru pelos temporais que está sofrendo. Presidente PPK, conte com nosso apoio”, escreveu Bachelet no Twitter, enquanto Santos afirmou que a Colômbia “está atenta para fornecer o apoio necessário ao Peru” e afirmou que enviará 30 toneladas de ajuda humanitária e 4 helicópteros.

A chancelaria do Equador, por sua vez, informou neste sábado (18) que enviará ao Peru um avião para transportar cidadãos equatorianos presos em Lima devido a interdições nas estradas ocorridas em consequência das chuvas, impedindo o retorno dos equatorianos a seu país.

Segundo dados do Coen, os danos registrados desde que começou a temporada de chuvas em dezembro destruiu 12 mil casas, 25 escolas e oito postos de saúde. Além disso, cerca de dois mil quilômetros de estradas foram danificados e quase nove mil hectares de plantações perdidas. O documento ainda não inclui os quatro desaparecidos que caíram em um rio após o desabamento de uma ponte pela qual vários veículos passavam no momento.

A maior parte das vítimas se concentra nas regiões nortistas de Piura, Lambayeque, La Libertad e Áncash, que em conjunto somam 25 mortos, 111 feridos, 8 desaparecidos, 81 mil afetados e 8.200 casas destruídas. Lambayeque concentra o maior número de vítimas, com 41 mil afetados, seguida de Piura, com 19 mil; Áncash, com 17.600 e La Libertad, com 3.200.

Em Trujillo, a capital de La Libertad, mais da metade da população está há dois dias sem fornecimento de água potável pela ruptura do principal canal que abastece de água a cidade.

A queda da ponte sobre o rio Virú, onde no sábado à noite desapareceram quatro pessoas, entre outras estruturas danificadas, impedem que o governo peruano possa levar ajuda a essas regiões através da estrada Pan-americana Norte, que percorre a costa peruana desde Lima até o Equador.
O MTC (Ministério de Transporte e Comunicações) autorizou neste domingo (19) embarcações pesqueiras a transportar desde Lima produtos de primeira necessidade aos portos das zonas mais afetadas.

Na capital peruana, algumas casas também estão há dois dias sem água, já que o volume de lama e outros resíduos acumulados no rio Rímac, principal fonte de abastecimento de água da cidade, impedem o Sedapal (Serviço de Água Potável e Águas e esgoto de Lima) de recolher água da corrente fluvial.

As chuvas se devem ao atípico fenômeno climatológico do El Niño, que aqueceu a superfície do litoral peruano, o que por sua vez provoca intensas e incomuns chuvas em sua costa desértica, que provocam inundações, transbordamento de rios e deslizamento de terras, conhecidos no Peru pelo termo quíchua "huaicos".