"Querem tirar tudo que o povo tem", diz Lula sobre reformas de Temer

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta segunda-feira (13), participou da abertura do 12º Congresso dos Trabalhadores Rurais (Congat, em Brasília. Em seu discurso afirmou que vai viajar pelo país, a começar pela inspeção às obras de tranposição do Rio São Francisco, no próximo domingo (19).

lula-abertura-do-12-congresso-da-contag-em-brasilia - Ricardo Stukert

Lula voltou a criticar as reformas da Previdência e trabalhista, afirmando que "estão tirando tudo o que o povo tem" e ironizou afirmando que nunca viu um presidente “com tão pouco prestígio e tantos votos no Congresso” como Michel Temer.

"Querem cortar a aposentadoria, enquanto continuam tomando banho de piscina. Corta aposentadoria, corta Prouni, corta Fies, corta dinheiro da saúde, corta financiamento", rechaçou.

Sobre o ilegítimo Michel Temer, Lula disse: “É um presidente não eleito, que quase não se elege nem para deputado, que tirou o que vocês tinham conquistado”,denunciou Lula. “Essa gente não tem noção do que é esse país. Quando o pobre começa a ter direito incomoda. Vocês já viram algum deles cortar a aposentadoria deles? Não. Começa por nós”.

Para Lula, o governo Temer quer “diminuir o pouco de conquista” obtida pela classe trabalhadora, nos últimos anos. “Até hoje não aceitaram a reforma que Getúlio fez”, disse ele, se referindo às leis trabalhistas.


Lula também falou sobre a produção agrária brasileira e do desprezo que a elite brasileira tem com os trabalhadores rurais. “Se o povo comesse cimento, eu faria estrada. Mas o povo come feijão, pão, bebe leite. Por isso, temos que acabar com a fome. Eu acho que essas pessoas que agora ocupam o governo não têm conhecimento do significado da importância dos trabalhadores rurais".

E acrescentou: "Eu achei que o golpe era contra o PT…mas não. O golpe era porque incomoda muito a alguns o fato de um filho de uma agricultora familiar ter acesso à na universidade. Eles agora querem tirar o que vocês conquistaram. Não vamos deixar”.

O ex-presidente resgatou as conquistas garantidas durante os governo Lula e Dilma, citando os investimentos que fizeram o Brasil avançar no combate à pobreza, na diminuição das injustiças sociais e na valorização e fortalecimento da agricultura familiar.

“Estava aqui lembrando da aprovação da Constituição em 88. O PT foi contra porque queríamos mais, porém assinamos porque queríamos participar desse importante momento. Ali aprovamos uma coisa que considerávamos um avanço que foi a inclusão dos agricultores(as) familiares como segurados especiais no Regime Geral da Previdência Social, como também o benefício do BPC, que foi um avanço extraordinário. E hoje, as pessoas que ocupam cargos desse governo, não conhecem o que significa um salário mínimo na vida das pessoas que moram no interior desse país, que faz esse povo comerem pão, arroz e feijão todos os dias. Isso é investimento!”, frisou.

Muito aplaudido pelos trabalhadores rurais que lotavam o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde se realizou o evento, Lula foi recebido com gritos de "“Fora, Temer". Lula destacou ainda que o Brasil era respeitado no exterior. "Hoje o presidente é um doutor que não tem coragem de sair do País, porque não tem respeito lá fora", declarou.

O ex-presidente confirmou que estará em Monteiro, na Paraíba, para visitar as obras de transposição do São Francisco. Temer esteve no mesmo lugar na sexta-feira (10) para inaugurar o Eixo Leste. Tentou surfar na inauguração da obra afirmando que se tratava de uma realização de seu governo ilegítimo, mas foi rechaçado pela população local que empunhando cartazes e faixas agradeciam os governos Lula e Dilma.

“Será que eles têm noção do que é a transposição das águas?”, questionou Lula. “Não têm, porque nunca fizeram. Porque de todos os presidentes, só eu carreguei um pote de água na cabeça. Só eu”, reforçou ele. que ainda lembrou do discurso de Temer no Dia Internacional da Mulher. "O presidente acha que lugar de mulher é na cozinha", disse.

Ele saudou a decisão da Contag de estabelecer paridade entre homens e mulheres na sua diretoria. "As mulheres não vão se contentar com cotas de 30% ou 40%. Elas querem paridade, depois elas vão querer tudo. As mulheres vão provar que têm tantas ou mais condições de governar o Brasil", afirmou.