Na contramão dos direitos, Temer diz: Reforma “elimina privilégios”

Michel Temer publicou um artigo na Folha desta sexta-feira (10) para celebrar o assento permanente do Brasil na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. No texto, Temer afirma que não há direitos humanos quando a economia vai mal e que sem ajuste fiscal, quem paga a conta mais cara, inevitavelmente, são os pobres.

Michel_Temer - Beto Barata/PR

Intitulado “O Brasil e os direitos humanos”, Temer volta a defender a aprovação da reforma da Previdência afirmando que se não for aprovada “os jovens de hoje não terão aposentadoria amanhã”. Ele voltou a afirmar que a reforma, que atinge somente os mais pobres, é para “eliminar privilégios”. “Nosso objetivo é uma Previdência Social sustentável e equânime”, destacou.

Enquanto aplica um ajuste fiscal com corte nos investimentos por 20 anos, afetando principalmente saúde e educação, Temer tenta construir a tese de que a economia brasileira estava desorganizada para justificar o ajuste.

“Sabemos, e no Brasil muito agudamente, que a irresponsabilidade no manejo das contas públicas e o populismo fiscal trazem consigo elevado risco”, disse ele. “A situação que vivemos no Brasil é sintomática do impacto da irresponsabilidade fiscal sobre o exercício dos direitos humanos. A crise econômica que agora começamos a superar tem origem sobretudo fiscal”, completa.

Temer ainda tenta botar a culpa no governo Dilma por sua política de cortes sociais, ao afirmar que a recessão colocou em “risco a sobrevivência de programas sociais” e que “pôs em sério risco a viabilidade de nossos sistemas de educação e saúde”.

Temer também deixou claro que a sua prioridade não é com o social, ou seja, os mais pobres, mas com o ajuste. “A verdadeira responsabilidade social pressupõe responsabilidade fiscal. Compromisso efetivo com os direitos humanos requer planejamento, progressos sustentáveis, cuidado com a coisa pública”, disse.