Mulheres se manifestam ao redor do planeta contra violência de gênero

Milhares de mulheres em todo o mundo fizeram nesta quarta-feira, 8 de março, uma greve para mostrar a necessidade de políticas que combatam a violência de gênero e o machismo, além de pedir a equiparação de direitos. Em ao menos 40 países – como Coreia do Sul, Polônia, Brasil, Estados Unidos, Ucrânia, Paraguai e Argentina – houve paralisações e protestos.

Manifestação em Florença, na Itália

A greve foi convocada a princípio pelas organizadoras da Marcha das Mulheres contra Trump, realizada em várias cidades dos Estados Unidos em 21 de janeiro, dia seguinte à posse do presidente norte-americano, e replicada em vários lugares do mundo. A iniciativa foi logo abraçada por organizações feministas de vários países, que preparam, além da paralisação, pelo menos 300 marchas e atos para marcar a data.

Houve manifestações em diversos lugares do globo. Na Polônia, por exemplo, as mulheres seguiram uma faixa azul, de meio quilômetro de extensão, que foi colocada na região central da capital Varsóvia. O objetivo era lembrar as vítimas da violência de gênero no país. Recentemente, as polonesas conseguiram derrubar um projeto do governo que limitava o direito ao aborto.

Em Paris, milhares de mulheres se reuniram na praça da República para comemorar a data e denunciar a desigualdade salarial com os homens.

Na Itália, sindicatos se uniram ao chamado da greve e convocaram uma paralisação de 24 horas. Em cidades como Roma e Florença, mulheres foram às ruas.

Em Kiev, na Ucrânia, no entanto, houve problemas com a polícia, após ao menos quatro homens atacarem com plantas e garrafas na manifestação pelo Dia Internacional da Mulher. Eles, que diziam querer “expressar seu descontentamento com as teses defendidas pelas participantes da manifestação”, foram detidos.

Em Moscou, sete mulheres foram presas pela polícia ao participarem de um protesto no centro da capital russa. O Dia Internacional da Mulher é descrito na Rússia como "a festa das mulheres", "a melhor festa do ano" e outras classificações que o afastam de qualquer caráter político ou reivindicativo.

Políticos de todo o mundo também se pronunciaram pela data. No Chile, a presidente Michelle Bachelet citou como exemplo de redução da desigualdade de gênero o projeto de lei elaborado por seu governo para descriminalizar o aborto em três casos: inviabilidade fetal, risco de morte para a mulher e gravidez por estupro. No país também houve registro de protestos em Santiago, em frente ao palácio governamental.

O desenvolvimento global será mais eficiente, a paz se tornará duradoura e os direitos humanos estarão melhor protegidos se a mulher adquirir uma plena capacitação em todos os aspectos da sociedade, disse hoje, em Nairóbi, o secretário-geral da ONU, António Guterres. Essa deve ser uma prioridade internacional.

"O machismo deve ser derrotado. Em todas as partes, no mundo todo, temos uma sociedade dominada por homens e grandes dificuldades para eliminar os obstáculos à igualdade de gênero", disse o ex-primeiro-ministro de Portugal.

Guterres está em Nairóbi para celebrar o Dia Internacional da Mulher. A viagem para a capital do Quênia não foi por acaso. A África é um dos continentes nos quais a mulher permanece presa nos degraus mais baixos da economia e da sociedade.

Em Bruxelas, a comissária de Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero da União Europeia, Vera Jourová, pediu que todos lutassem contra o "tabu" da mutilação genital feminina, que considerou como uma "horrível prática criminosa" da qual milhões de meninas são vítimas em todo o mundo.