Líder direitista não consegue ser eleito para Parlamento britânico

Na eleição intercalar no Reino Unido para dois mandatos no Parlamento, o Partido Trabalhista perde um lugar para o Partido Conservador, mas consegue evitar eleição de Paul Nuttall em Stoke, bastião do Brexit.

Paul Nuttall

Jeremy Corbyn enfrentava nestas eleições intercalares mais um teste à sua liderança. Quando Tristram Hunt e Jamie Reed, dois deputados da corrente blairista do Partido Trabalhista abandonaram os seus mandatos no Parlamento britânico, o líder do UKIP aproveitou a eleição em um dos círculos, Stoke-on-Trent, para se candidatar.

A escolha não foi aleatória, pois apesar de sempre ter sido um círculo eleitoral trabalhista desde a sua criação, Stoke também foi uma cidade em que o Brexit ganhou por esmagadores 69%. O candidato trabalhista que se apresentou nesta eleição intercalar, Gareth Snell, era contra o Brexit, algo que Paul Nuttall esperava poder aproveitar a seu favor para que o UKIP conseguisse eleger um deputado para o Parlamento britânico. As sondagens até às eleições não eram claras sobre quem iria vencer, mas o Partido Trabalhista acabou por derrotar o UKIP.

Snell obteve 7.853 votos contra os 5.233 votos de Nuttall e esta derrota, assim como a diminuição do número de votos na outra eleição, mostra um abrandamento no crescimento do partido de extrema direita. Relembramos que o UKIP foi o partido mais votado nas últimas eleições europeias, em que os partidos, ao contrário do que sucede nas eleições para o Parlamento britânico, são eleitos por proporcionalidade dos votos. Como tal, o UKIP tem o maior grupo parlamentar britânico no parlamento europeu.

Na outra eleição, em Copeland, que também era um bastião trabalhista desde 1935, o partido de Corbyn sofreu uma derrota humilhante e a sua candidata, Gillian Troughton, abandonou a sede do partido sem fazer um discurso a reconhecer a derrota para Trudy Harrison. Em ambas as eleições a participação foi muito baixa. Em Stoke votaram apenas 38% dos eleitores, em Copeland a participação chegou aos 51%.

Estas eleições espelharam novamente a contestação dentro do aparelho do próprio Partido Trabalhista contra a liderança de Jeremy Corbyn, apesar de este continuar a deter o apoio da maioria das bases do partido. Pouco antes da eleição, Tony Blair ressurgiu em público e criticou o partido. Por outro lado, vários deputados do próprio Partido Trabalhista culpam Jeremy Corbyn pela derrota em Copeland, pois esta é uma zona em que uma central nuclear é a principal empregadora e Corbyn é abertamente contra a indústria nuclear.

Corbyn reagiu aos resultados e, citado pelo diário britânico The Guardian, afirmou que a vitória em Stoke foi uma “rejeição decisiva” do UKIP, “mas a nossa mensagem não foi suficiente para vencer em Copeland”. “Nas duas campanhas, o Partido Trabalhista ouviu milhares de eleitores. Os dois círculos eleitorais, tal como tantos no Reino Unido, sofreram desilusões com o sistema político. Para crescer e transformar o Reino Unido, o Partido Trabalhista deve reconectar-se com os eleitores e acabar com o consenso político fracassado”, afirmou.