Carnaval em SP: Bloco Soviético celebra centenário da Revolução Russa

Grupo, que completa cinco anos de Carnaval, traz referências bem-humoradas ao ideário da esquerda internacional; marchinhas clássicas são inspiração para novos hinos, como 'Se Você Pensa Que Orloff É Água' e 'O teu discurso não nega, machista'.

Bloco Soviético nas ruas de São Paulo

Se durante a Guerra Fria o bloco soviético designava os países alinhados à URSS, no carnaval de São Paulo o Bloco Soviético arrasta foliões desde 2013 com referências bem-humoradas ao ideário da esquerda internacional. Neste sábado (18), o bloco faz seu cortejo anual na capital paulista em homenagem ao centenário do evento que é sua fonte de inspiração: a Revolução Russa.

Fundado em 2013 por um grupo de amigos, entre eles a cantora Vange Leonel (1963-2014) e sua companheira, a jornalista Cilmara Bedaque, o bloco reuniu em seu primeiro ato cerca de 200 foliões. Em 2016, acompanharam o bloco cerca de 5 mil pessoas, partindo do bar Tubaína, na rua Haddock Lobo, para um desfile na região da Augusta-Consolação.

Em 2017, o bloco celebra os cem anos da Revolução Russa com um trio elétrico de 13 metros de comprimento com banda ao vivo e bateria com 20 instrumentistas, segundo o blog Socialista Morena.

As clássicas marchinhas de Carnaval são inspiração para novos hinos, como “Se Você Pensa Que Orloff É Água” (cantada no ritmo de “Cachaça não é Água”). A crítica aos reacionários e à direita racista aparece em “Reaça Escravocrata” (versão de “Mulata Iê-Iê-Iê”) e, aos machistas, em “O teu discurso não nega, machista”: “O teu discurso não nega, machista / perder privilégio é uma dor / só quero andar tranquila na pista / a opressão não é amor”.

Outro clássico do Carnaval, “Máscara Negra”, de Zé Keti e Pereira Bastos, virou “Praça Vermelha”, com referências ao estouro da revolução centenária: “Quanto tiro, oh, que gritaria / Lenin já chegou na estação / Rasputin está chorando / pelo amor da tzarina / no meio da multidão”, diz a letra.

Já o chamado ao golpe comunista no Brasil está na versão soviética de “Turma do Funil”: “Chegou revolta no Brasil / só vai dar proleta e ninguém mais bate ponto / hahahaha, e ninguém mais bate ponto / não vão extorquir, de nós, nem mais um conto”.

O cortejo em comemoração à Revolução Russa do Bloco Soviético acontece neste sábado, 18 de fevereiro, com pré-concentração no Tubaína Bar (Rua Haddock Lobo, 74, Bela Cintra) a partir das 14h e concentração na esquina da Augusta com a Fernando de Albuquerque a partir das 17h. A revolução soviete-carnavalesca começa a descer a Rua Augusta em direção à Praça Roosevelt às 18h.