Fotógrafos quebram estereótipo da periferia a partir de imagens

Incomodados por sempre verem os estereótipos de pobreza e violência retratarem a periferia na mídia, cinco jovens fotógrafos decidiram criar, em novembro de 2016, o coletivo DiCampana, com a missão de revelar o cotidiano da periferia paulistana por meio de um outro olhar.

Di Campana - DiCampana

“A partir do momento em que a gente vê que pode mostrar outro ponto de vista, mais introspectivo, começamos a questionar isso que está sendo exposto há tempos”, explicou José Cícero da Silva, um dos fundadores do coletivo, ressaltando que todos os fotógrafos são profissionais, autodidatas e moradores da periferia.

Segundo ele, a ideia é fotografar o cotidiano das periferias, a rotina do trabalhador, “a juventude saudável” brincando, pessoas que não costumam aparecer. Para José Cícero, o estereótipo de pobreza e violência causa um prejuízo “incalculável” na imagem dos moradores desses bairros.


Favela Monte Azul, São Paulo – 2016

 

Em pouco tempo de existência, o coletivo DiCampana já registrou o dia a dia de oito bairros da capital paulista: Jardim Ângela, Monte Azul, Jardim São Luís, Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim Maria Sampaio, Jardim Piracuama e Brasilândia.

Surpreendidos pelo interesse que o projeto despertou em alguns veículos de mídia alternativa, os fotógrafos decidiram compor um banco de imagem e oferecer as fotos produzidas no Flickr e na página do grupo no Facebook. “Pra gente é um privilégio. Não sabíamos que havia uma demanda tão grande dessas imagens.”


Campo do Jd. Pantanal, São Paulo, 2014

 

Por ser um projeto independente e muito recente, explica o fundador do coletivo, os fotógrafos ainda não obtêm nenhum ganho financeiro com ele, situação que não os impede de já almejar levar suas lentes para retratar o cotidiano de periferias de outros estados do país.

“À medida que a produção vai aumentando e vamos conhecendo outras pessoas, queremos muito cobrir outros lugares, como no Rio de Janeiro, mas também fora do eixo Rio-São Paulo”, disse José Cícero, citando, como exemplo, a cidade de Natal, foco da mídia nesse começo de ano em função da crise carcerária.