Adilson Araújo: Desmonte da Previdência é voo sem escala para pobreza

“A celeridade defendida pelo relator da proposta de desmonte da Previdência (PEC 287), o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), só revela a sanha daqueles que querem destruir o pacto social firmado em 1988, quando da promulgação da Constituição Cidadã”, denunciou o presidente da CTB, Adilson Araújo, ao resumir a primeira sessão da Comissão que discute a matéria na Câmara dos Deputados.

Aposentados protestam contra reforma da Previdência em Brasília - Agência Brasil

Adilson lembra que a PEC 287 impõe ao povo brasileiro um verdadeiro teste do caixão. “São irracionais os argumentos dos defensores dessa matéria. Comparam o Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas esquecem que nem de perto temos os indicadores desses países. E mais, essa mesma equipe que foge do debate esquece de levar em conta as nossas disparidades internas”, afirmou, ao citar recente estudo coordenado pelo pesquisador e especialista na área, Eduardo Fagnani.

Para se ter uma ideia, indicou o dirigente, uma cidade como São Paulo tem realidades muito dispares quando o assunto é expectativa de vida, indicador fortemente usado pela equipe de Temer. “Um cidadão que mora no bairro Alto de Pinheiros tem a expectativa de vida de países europeus (79,67 anos), já um cidadão que vive em Cidade Tiradentes possui uma expectativa de um país africano (53,85). Só esse indicador nos dá pistas do que está por vir se essa PEC passar”, alertou.

Aposentadoria pé na cova

Adilson (ao microfone) lembra que o tempo de contribuição e a expectativa de vida apresentados pelo governo desenham um cenário em que ninguém conseguirá se aposentar. “Lamentavelmente, como se não bastasse o atropelo já no primeiro debate da PEC 287, a comissão ignora, por exemplo, a realização de audiências públicas para aprofundar essa perversa proposta e os impactos geracionais que ela irá impor ao nosso povo.”

E completou: “Nunca é demais lembrar que as mudanças propostas pela PEC 287 afetarão de forma radical a vida de sete em cada 10 brasileiros. Os números levam conta as 141 milhões de pessoas em idade ativa no país, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios de 2015”.

Mobilização total

“O povo brasileiro precisa saber o que está em jogo. Essa matéria impactará diretamente a vida de mais de 140 milhões em nosso país. E mais, afetará a condição humana, a sobrevivência de mais de quatro mil munícipios do país”, externou Adilson.

Para o dirigente, o pacote defendido por Temer (reformas da Previdência e trabalhista e PEC 55) para o Brasil liquidará todos os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. “Será o fim do pacto social estabelecido em 1988 quando da promulgação da Constituição Cidadã.”

“Não outra alternativa, o caminho é resistir a todo custo. É urgente que tomemos as ruas. Só com essa pressão social vamos conseguir barrar esses retrocessos”, aponta Araújo.