Com retração na renda, vendas no comércio têm maior queda em 2016

Retração de 6,2% foi a mais alta da série histórica, segundo o IBGE, que destaca também aumento de preços de alimentos. Todos os segmentos tiveram resultado negativo, com destaque para supermercados.

Comércio loja

Com retração em todos os setores, as vendas no comércio varejista fecharam 2016 com queda de 6,2%, a maior desde o início da série histórica, em 2001. De oito atividades pesquisadas pelo IBGE, que divulgou os resultados nesta terça (14), seis também tiveram o pior resultado.

De acordo com o instituto, o segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentício, bebidas e fumo (-3,1%) "exerceu a maior influência negativa na redução total", com o maior recuo desde 2003. "A perda da renda real e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor", diz o IBGE. Enquanto o volume caiu, a receita nominal cresceu 4,5% no ano passado.

Também se destacam os resultados de móveis e eletrodomésticos (-12,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9,5%), combustíveis e lubrificantes (-9,2%), tecidos, vestuário e calçados (-10,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,1%), equipamentos e material de escritório, informática e comunicação (-12,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-16,1%). O segmento de móveis e eletrodomésticos caiu um pouco menos que em 2015 (-14,1%), mas teve o segundo maior impacto negativo no resultado do ano passado.

"Com uma dinâmica de vendas associada à disponibilidade de crédito e a evolução dos rendimentos, o resultado do setor, abaixo da média geral, foi influenciado principalmente pela elevação da taxa de juros nas operações de crédito às pessoas físicas e pela queda da massa real de rendimentos", analisa o instituto.

No caso de outros artigos de uso pessoal e doméstico, o IBGE detectou a primeira variação negativa no volume de vendas nesse tipo de comparação. O segmento inclui lojas de departamentos, ótica, joalheria, artigos esportivos e brinquedos.

Os setores que compõem o chamado varejo ampliado também fecharam 2016 com resultados negativos. Veículos e motos, partes e peças teve queda de 14%, enquanto material de construção caiu 10,7%.

De novembro para dezembro, o volume de vendas recuou 2,1%, enquanto a receita caiu 0,7%. Em relação a dezembro de 2015, as vendas no varejo caíram 4,9%, na 21ª primeira taxa negativa seguida. A receita subiu 2%. Incluindo o varejo ampliado, a taxa mostra estabilidade (-0,1%), com altas de 1,8% em veículos/motos e de 2,1% em material de construção.