Após apelo do governo, parte da PM volta a patrulhar ruas de Vitória

Após convocação do Comando-Geral da Polícia Militar do Espírito Santo, parte dos agentes capixabas voltou a patrulhar as ruas da capital, Vitória, na tarde deste sábado (11). Segundo mídias locais, por volta das 16 horas era possível ver PMs em três pontos da região central.

Polícia Militar no Espírito Santo - Divulgação / PM Espírito Santo

Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar diz que, após a chamada operacional realizada na Praça Oito e na rodoviária, 600 militares começaram a realizar policiamento ostensivo a pé nos locais indicados pela PM. Somente os agentes que estavam de folga, de férias ou deixaram os batalhões sem suas fardas retornaram às ruas, o que torna prematuro afirmar que a paralisação da PM chegou ao fim.

As esposas de policiais amotinados seguem acampadas na frente de batalhões em Vitória, e a maioria dos homens está aquartelada. Segundo o governo do Espírito Santo, já é possível ver alguns policiais nas ruas de Vila Velha, Cariacica e Serra, na região metropolitana, e em Cachoeiro de Itapemirim e Domingos Martins, localizadas no interior do estado.

O governo do estado acredita que o anúncio de punições aos policiais feitos desde a sexta-feira pode (10) ter influenciado a decisão dos militares de atender ao chamado do comandante-geral da corporação.

A ofensiva contra os grevistas inclui o indiciamento de 703 PMs, o anúncio de que tropas federais permanecerão no estado por tempo indeterminado e a promessa do governo Temer de que a base aliada no Congresso não votará a anistia aos policiais.

Na praça Oito, no centro da capital, cerca de 50 policiais à paisana se apresentaram até as 17h30 e esperavam no local, já que não poderiam sair para realizar o policiamento sem o uniforme. Já cerca de 60 homens se apresentaram na rodoviária de Vitória. No sábado, a chamada ocorreu às 16 horas e, no domingo, começou às 8 horas da manhã.

O tenente-coronel Rodrigo, comandante do Regimento de Polícia Montada, afirmou que policiais de diferentes batalhões estão se apresentando. "Estão fazendo a chamada geral. Algumas viaturas estavam rodando mais cedo e, agora, está incorporando mais militares que estavam de férias e de folga. A Polícia Militar quer voltar", afirmou.

O acordo entre as associações de policiais militares e o governo estadual na noite de sexta-feira não foi suficiente para colocar fim à paralisação que mantém há uma semana os policiais militares e os bombeiros fora das ruas do Espírito Santo. As esposas dos policiais não participaram das negociações com o governo.

Enquanto os policiais estavam aquartelados, o estado vivia uma onda de roubos, saques e violência. Segundo dados do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol/ES) divulgados neste sábado, o número de homicídios no estado chegou a 137 uma semana depois da paralisação da Polícia Militar.

Reivindicações

A greve dos PMs começou de forma inusitada na sexta-feira (3), quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam a porta da frente de uma companhia militar e impediram a saída de viaturas. O movimento se espalhou para outros batalhões no estado. 

Os policiais, proibidos por lei de fazer greve, reivindicam melhores salários e condições de trabalho. Nesta sexta-feira, 703 policiais foram indiciados pelo crime de revolta e podem ser expulsos da corporação. De acordo com a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS), o salário base de um policial no estado é 2,6 mil reais, abaixo da média nacional 4 mil reais.