Guadalupe Carniel: Quem tem Boca…

Que o futebol anda cheio de escândalos e podres, isso não é novidade. Muito se fala de esquemas para beneficiar X equipe. Mas quando vêm a tona parece uma tormenta sem fim.

Por Guadalupe Carniel*

Daniel Angelici, presidente do Boca Juniors

Nessa semana na Argentina não se discute outra coisa se não o áudio vazado agora de uma conversa de 2015 entre Daniel Angelici (presidente do Boca Juniors) e Fernando Mitjans (presidente do Tribunal de Disciplina) sobre dois jogadores expulsos na época, Marín e Erbes, para que tivessem suas punições alteradas para jogarem contra o Vélez.

Na conversa, Angelici pede que deem apenas duas rodadas de punição, mas Mitjans falou que deveriam ser cinco, mas que iria dar apenas três, fazendo com que assim o Boca disputasse com o Vélez a vaga para a Libertadores. Esse jogo, os xeneises venceram com Marín e Erbes na cancha.

Além disso, Luís Segura, que era presidente da AFA nessa época também está envolvido e participou de conversas do gênero, para que prejudicassem o Boca o mínimo possível. Na realidade, Angelici praticamente tinha todo o poder do futebol porteño nas mãos, sendo amigo de Segura, Mitjans e homem de confiança do atual presidente da Argentina, Macri. Sobre os áudios, tudo que Angelici alegou foi que “eu só estou defendendo os interesses do clube e não quero que me favoreçam, só quero que não me prejudiquem”.

Armando Pérez, presidente da Comissão Reguladora que está no poder enquanto não tem novas eleições para o presidente da AFA, alegou que ficou escandalizado como que Mitjans que é quem administra a justiça tenha essa atitude. Aliás, Fernando segue como presidente do Tribunal de Disciplina. Pérez já pediu que todos que integram o tribunal peçam a renúncia.

Que escândalos como esse acontecem e ninguém é punido já cansamos de ver. O futebol é tratado apenas com um mero negócio e atualmente vivemos num mero teatro de fantoches, onde quem controla são os dirigentes de grandes times que ultrapassam o limite do amor ao clube para conseguir tirar vantagem a qualquer custo. Já passou da hora desse cenário mudar. Estamos fartos disso.