Guadalupe Carniel: O que esperar de 2017

O ano começou e da pior forma possível. Só ver o futebol. Começamos com a Copa São Paulo de Futebol Junior, alguns torneios regionais, a Libertadores com duração de 10 meses inchada e a Sul-Americana.

Estádio de futebol

A Copa São Paulo continua tendo seu mérito, afinal nenhum outro país tem um torneio com proporções continentais em categoria de base. Mas ali já tivemos as primeiras amostras do que vem neste ano: a polícia vetou a entrada de instrumentos, faixas e até bolsas (essa última sem justificativa plausível, como na semifinal entre Juventus e Corinthians em Barueri).

O Paulista consegue a cada ano ter as piores invenções: agora a regra é que tem que haver duas faixas de ingressos. Ou seja, estádios como o da Rua Javari tem que ter dois preços e com isso o que custava 20 reais e 10 a meia virou 40 na parte coberta e 20 nas demais áreas. A resistência de estádios como esse (odeio quando somente se lembram da Javari como resistência, vejam o Nicolau Alayon, o Bruno Daniel, etc.) foi por água abaixo. Era nessa questão que todos tinham o mesmo tratamento. Quem é trabalhador, e a burguesia, todos eram iguais. Pagavam na mesma faixa e poderiam escolher se ficam em pé atrás do gol, sentados na coberta ou em qualquer outra parte do estádio. Ah e claro, continua a mesma coisa: não entra nada como no ano passado, principalmente artigos relacionados a organizadas, já que pelo que consta na lógica deles o que é perigoso e violento são as faixas, instrumentos e a festa.

O mesmo vale pela Libertadores. Uma das emissoras a cabo que transmite o esporte postou numa rede social um aviso, alertando torcedores para ajudarem seu time para não serem penalizados, dizendo que não pode sinalizadores, mascotes, crianças em campo, apitos, rolos de papel e bandeirões. Mas que vale torcer, gritar, vibrar, pular e rezar. Em menos de 20 minutos tiveram que retirar o post do ar pelas represálias de torcedores. Muitas emissoras aliás, se posicionam contra a o que foi dito como proibido pela Conmebol, ao invés de defenderem o torcedor, alegando que é vandalismo. Vandalismo são jogos em horários absurdos, como dez da noite ou três da tarde num dia de semana, o valor abusivo dos ingressos, a dificuldade de comprar se você não for sócio-torcedor e se for de visitante conseguem colocar mais outros tantos obstáculos.

Sem esquecer é claro, do canal aberto que manda e desmanda no futebol brasileiro, que prefere passar um amistoso inventado e imposto ao invés de mostrar o início de Libertadores com alguns jogos bem interessantes, alguns com direito a tudo o que disseram que não podia, como no caso de Carabobo e Junior Barranquilla.

Pra quem vive o futebol o ano vai ser doloroso, já que o que mais desejam é nos transformarem em doces vacas de presépio. Mas enquanto ainda tiver gente que ama (chamada por alguns de loucos, opinião de apáticos que jamais vão entender a dor, a delícia e o delírio de ser torcedor) vai haver resistência.